Antropologia e saúde pública no contexto de emergência sanitária global: uma perspectiva crítica latino-americana

Abstract

Introdução: os aspectos socioculturais dos processos de saúde-doença têm sido, de maneira geral, considerados marginais ou irrelevantes para formulação das intervenções na área da saúde A crise sanitária causada pela Covid-19 impôs à comunidade de pesquisadores a busca de uma compreensão transversal de saúde. Objetivo: este artigo pretende problematizar a hegemonia biomédica no campo da saúde e como, no atual cenário, ela se desdobra em desigualdades em saúde. Método: para tanto, empreende uma revisão bibliográfica com ênfase no contexto latino-americano e explora fontes e argumentos em torno da necessidade de promover diálogo entre a Antropologia e a Epidemiologia. Resultados: a partir da bibliografia consultada, argumenta-se que a interconexão entre a Antropologia da saúde e a Epidemiologia Crítica Latino Americana se apresenta como caminho medular para a superação dos Colonialismos biomédicos, superação das desigualdades Sociais em Saúde e construção de uma soberania sanitária com forte conexão com a vida comunitária. Conclusão: a antropologia desenvolveu, ao longo das últimas décadas, significativo artefato teórico-metodológico para o estudo das formas de viver, enfermar-se e morrer. Tal repertório possibilita examinar as relações entre os modelos de compreensão no campo da saúde, a organização dos serviços, os programas de prevenção e as intervenções terapêuticas, além dos modelos culturais dos usuários. Por isso, não deve ser desprezada nas formulações das intervenções na área da saúde.

International Health, health colonialism and cross-border care in times of a pandemic: an approach from the Latin American triple-border

“…If we consider the asymmetric characteristics of the border regimes in which we are, the social determinations of health, the strategies of reproduction of knowledge and powers that are expressed in the center/ periphery relationship, we will realize that Pan American international health and liberal global health have become a power reproduction apparatus. These are two violent expressions of the contemporary worldsystem (Silva, 2020).…”

“…Research that has focused on social dynamics in the Argentina-Brazil-Paraguay triple border region has shown how these spaces of transnational contact work as a stimulating laboratory for socioanthropological exercise (Silva;Procópio, 2019). On the one hand, by making it possible to understand the national and intranational historical movements that allowed the formation of these regions as a meeting point for the dividing lines.…”