Neste artigo discute-se a relação entre turismo, fé e religião em torno dos santuários, a partir de três vivências etnográficas revisitadas em forma de flashes multissituados, com revisão bibliográfica parcial. O santuário, em sentido lato, abarca um núcleo central e uma extensa franja, espaciais e simbólicos. Entre o centro e a periferia estendem-se gradações, continuidades e descontinuidades. O santuário, desta forma, é compreendido neste artigo mais por suas sombras e simulacros do que por sua luminosa presença e esplendor, mais pela periferia do que pela centralidade. A questão proposta aqui remete aos espaços intermediários onde religião e turismo se esbarram, se misturam e se contrapõem. Foram três os espaços estudados a partir da metodologia etnográfica, Aparecida (SP), Canção Nova (SP) e Ashram-Vrajabhumi (RJ). O presente texto defende, portanto, que as franjas dos santuários permitem a reverberação de identidades ambíguas e oscilantes entre uma integridade-unicidade (fé) e uma não-integridade/não-unicidade (turismo).