RESUMO O objetivo deste trabalho é descrever as expectativas dos estudantes de Medicina quanto à carreira profissional. Foi realizado um estudo transversal, descritivo e analítico, no período de janeiro de 2014 a dezembro de 2017, com 116 estudantes concluintes em 2014, 116 de 2015, 91 de 2016 e 110 de 2017, totalizando uma amostra de 431 sujeitos. Foi aplicado um questionário para obtenção de informações sobre idade, gênero, ano de formatura, desejos de atuação profissional para os dez anos seguintes, a especialidade que deseja seguir, o nível de atenção no qual deseja trabalhar, a renda a ser alcançada, o número de empregos que acha necessário para alcançá-la e o número de empregos que pretende ter. O estudo demonstrou predomínio de homens (58,7%), e a média de idade foi de 26,4 ± 3,91 anos. Entre as especialidades pretendidas pelos egressos, Clínica Médica foi a mais almejada em todos os anos estudados, exceto no ano de 2016, em que predominou Pediatria. Sobre os desejos profissionais para dez anos após a formação, a docência foi almejada por cerca da metade deles, variando entre 46% e 59%, enquanto a quase totalidade da amostra demonstrou o desejo de trabalhar com assistência (atendimento direto ao paciente). Não houve predomínio entre as atividades ambulatorial/consultório e hospitalar, assim como entre o setor público e o privado. Em relação ao desejo de atuar nos diferentes níveis de atenção à saúde, os formandos de 2014 e 2016 expressaram desejo de atuar predominantemente no nível terciário (40,5 ± 29,3% e 41,1 ± 29,7%, respectivamente) em relação aos demais níveis de atenção. Sobre a pretensão de renda salarial, predominou a faixa acima de dez salários mínimos, sendo que a maioria expressou achar necessários pelo menos três empregos para alcançá-la, embora o desejo da maior parte dos estudados tenha sido manter apenas dois empregos. Conclui-se que as chamadas áreas básicas, como Clínica Médica, Cirurgia Geral e Pediatria, ainda são bastante almejadas pelos formandos. Contudo, mais do que o desejo de segui-las, provavelmente isto representa a necessidade de pré-requisito para acesso a outras especialidades. No geral, os egressos pretendem trabalhar com assistência, têm uma expectativa salarial alta, admitem a necessidade de diversos vínculos empregatícios para atingir esta meta e têm pouco interesse em trabalhar no nível primário de atenção à saúde. Tal realidade poderia ser discutida no âmbito da academia, a fim de oferecer informações realistas aos estudantes sobre o mercado de trabalho e a carreira médica, minimizando frustrações futuras durante o exercício profissional.