Campeões de produtividade: dores e febres nos canaviais paulistas

Abstract

A partir da década de 1970, a agroindústria canavieira passou por um processo de modernização e diversificação da produção que assegurou a sua expansão para além das regiões tradicionalmente produtoras. Nos últimos anos, esse processo ganhou mais visibilidade pelas condições favoráveis do açúcar e do álcool no mercado internacional e pela entrada dos investimentos internacionais nesse setor. Essas mudanças alteraram a dinâmica do mercado de trabalho, as formas de seleção, os tipo de contrato de trabalho, a organização do trabalho agrícola e o perfil dos trabalhadores. Nesse cenário é que os empresários continuam priorizando a contratação dos trabalhadores migrantes para o trabalho na safra da cana. A razão primordial dessa preferência se evidencia nos elevados níveis de produtividade desses trabalhadores no corte da cana. Eles foram habituados, desde criança, ao trabalho duro na terra para assegurar a sobrevivência da família. O trabalho nos canaviais não os amedronta, mesmo quando as exigências impostas os colocam no limite da sua capacidade física que deteriora seu corpo, trazendo sérias conseqüências para sua saúde. Este artigo mostra a deterioração nas condições de trabalho nos canaviais e explicita as medidas paliativas colocadas em prática pelos usineiros para melhorar as condições de trabalho, sem alterar as exigências e os níveis de produtividade do trabalho, as formas de remuneração e o controle da produção.

Vida e trabalho dos cortadores de cana: migração, assalariamento temporário e labor nos canaviais paulistas

“…Esse fato fez com que alguns pesquisadores, tais como Francisco Alves (2006Alves ( e 2008 e José Roberto Pereira Novaes (2007a), defendessem a ideia de que o pagamento por produção deve ser visto como uma das formas de controle do trabalho no corte da cana em um contexto de modernização e intensificação da produção. Isso porque tal forma específica de remuneração, ao mesmo tempo em que incentiva a intensificação do trabalho e a extensão da jornada de trabalho (Marx, 2013) -servindo, assim, como um acicate ao trabalho excessivo dos cortadores de cana -, funciona como um engenhoso método de interiorização da disciplina e do autocontrole do trabalhador.…”

Secure Oil and Alternative Energy

“…Unlike other crops, such as maize and soy, sugarcane in Brazil employs hundreds of thousands of workers every year (Goldemberg et al 2008). This is being phased out, however, because labor conditions in sugarcane fijields have been recognized as extremely harsh and, far too often, slave-like (Novaes 2007;Biondi et al 2009;Gomes et al 2010). These men and women, who are sometimes ex-independent farmers (or sons and daughters of ex-independent farmers), have to face strict work regimes in which an individual is expected to manually cut 10 tons or more of sugarcane on a single day (Novaes 2007).…”

Risco de lesões de ombro em cortadores de cana-de-açúcar: análise baseada na simulação dos movimentos

“…Além disso, o trabalhador caminha em média 8.800 metros, em condições extremas, perdendo cerca de oito litros de água por dia [2]. Estudos realizados por Alves [2], Messias e Okuno [4], Rocha et al [5] e Novaes [6] verificaram que a atividade do corte de cana-de-açúcar tem múltiplos fatores de exposição ocupacional, como a sobrecarga física, a exposição a fatores ambientais diversos, incluindo intempéries meteorológicas, o risco de ataques de animais peçonhentos, o risco de acidentes causados pelas ferramentas de trabalho e o ritmo intenso, uma vez que a remuneração é feita de acordo com a produção de cada trabalhador [2][3][4][5][6].…”