Ciclo, crise e retomada da economia brasileira: avaliação macroeconômica do período 2004-2016

Abstract

Resumo Com base no conceito de convenção em Keynes, este artigo analisa a queda cíclica em 2011-2014 e a recessão em 2015-2016 da economia brasileira a partir da relação entre as políticas macroeconômicas adotadas, as convenções constituídas e o investimento privado. Em linhas gerais, argumenta-se que contradições e falta de coordenação marcaram as políticas fiscal, cambial e monetária em 2011-2014, inviabilizando convenções otimistas e levando à fase descendente do ciclo. Em 2015-2016, a equivocada política econômica, a crise política e a Lava-Jato produziram o colapso da economia brasileira. Após isso, são apontadas as políticas macroeconômicas requeridas para a retomada sustentada da economia.

Financiamento da saúde e dependência fiscal dos municípios brasileiros entre 2004 e 2019

“…A partir de 2014, contudo, a economia começou a estagnar, entrando em recessão em 2015, com significativo aumento do desemprego e queda da arrecadação fiscal 11 . A política governamental, reafirmando os princípios norteadores da ortodoxia econômica na tentativa de ajuste fiscal, tem sido predominantemente contracionista, com redução dos investimentos públicos em diversas áreas, não estando os programas sociais, como a seguridade social, a educação e a saúde, poupados das reduções orçamentárias [11][12][13] .…”

The political economy of the Workers’ Party governments in Brazil (2003-2014) - institutions, ideas and the main determinants of economic policy.

“…13 It is relevant to highlight the diffi culties faced by Rousseff when trying to lower interest rates. Resende and Terra (2020) believe that such difficulties were explained by the incorrect manner in which Rousseff implemented the policy, failing to convince economic agents that interest rates would indeed fall. A point to emphasize is that the Temer government (2016)(2017)(2018), much more closely aligned to fi nancial capital interests, was able to implement a substantial cut in interest rates.…”

Os efeitos das expansões internacionais e regionais no desempenho das empresas brasileiras: uma contribuição a partir dos gastos com pesquisa e desenvolvimento e dos períodos de crise

“…Desta forma o governo interviu com incentivos fiscais em diversos setores estratégicos (automotivo, construção civil, bens de capital, cesta básica, energia, etc.). Tais medidas não apresentaram um planejamento coordenado e o governo implementava medidas contraditórias, já que ao mesmo tempo que lançava a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) adotava medidas de contração fiscal devido à queda dos investimentos governamentais; esperava-se que houvesse encorajamento de investimentos privados, no entanto, ao invés de incentivar, inibiu convenções otimistas RESENDE;TERRA, 2020).…”

“…O Estado demonstrou incapacidade de gestão, as despesas financeiras do governo eram elevadas e crescentes ao mesmo tempo em que havia queda de receitas provocada pelas desonerações (RESENDE; TERRA, 2020). Houve aumento do desequilíbrio fiscal, da dívida pública e de convenções pessimistas, todos esses fatores culminaram numa recessão econômica que significou no biênio 2015-2016 numa queda do PIB brasileiro de cerca de 7% e a taxa de desemprego atingiu 13,7% no final desse período (HERNANDES JUNIOR et al, 2020, RESENDE;TERRA, 2020). E, por fim, a última crise considerada para a presente pesquisa é a crise da pandemia de COVID-19, que afetou tanto o cenário internacional quanto o doméstico.…”

“…A primeira década foi fortemente marcada pela crise do subprime norte americano em 2008-2009, que teve impacto em todas as partes do mundo e seus efeitos perduraram por vários anos, gerando até mesmo necessidade de novas estruturas regulatórias que versam sobre padrões de crédito e liquidez de sistemas financeiros (RUPPELT et al, 2018). Na segunda década, especificamente no Brasil, houve resquícios da crise internacional e aliado a outros fatores como desequilíbrios fiscais, aumento de dívidas públicas, redução de investimentos estatais e do otimismo de investidores privados, queda de exportações, crises 66 hídricas e escândalos políticos, levou a uma grande recessão econômica interna nos anos de FERREIRA, 2017;PIRES, 2017;RESENDE;TERRA, 2020).…”