Cuidado do enfermeiro à criança com condição crônica: revelando significados

Abstract

RESUMODefiniu-se como objetivo compreender os significados revelados por enfermeiros ao cuidar da criança com condição crônica. Investigação de abordagem qualitativa apoiada na Análise Temática. Participaram do estudo oito enfermeiras do serviço de Pediatria de um Hospital Universitário localizado na região nordeste do Brasil. Serão descritos neste manuscrito cinco temas: Valorizando a religiosidade e a fé no cuidado à criança com condição crônica; Percurso da condição crônica; Sentimentos, expectativas e atitudes maternas; Fatores Sociais Intervenientes e Isolamento social. Nas relações de cuidado o apoio profissional e familiar revelaram-se como suporte necessário para manutenção da qualidade de vida e garantia do cuidado integral. Nesse contexto o cuidado do enfermeiro à criança com condição crônica demanda uma compreensão ampliada de cuidado enriquecido de subjetividade e objetividade para tomada de decisões coerentes com as necessidades da criança e da família.Palavras-chave: Enfermagem Pediátrica. Doença Crônica. Cuidado. Família. INTRODUÇÃOO cuidado do enfermeiro à criança com condição crônica apresenta-se como uma experiência peculiar e intensa permeada por conflitos, sentimentos ambíguos e por dificuldades no lidar com a imprevisibilidade da criança que se encontra em risco iminente de morte (1) . Sob esta perspectiva o cuidado expressa-se como uma complexa rede de relações, inter-ações e retro-ações as quais encontram-se caracterizadas pela dialógica morte/vida, ordem/desordem e onde a diversidade e a unidade humana encontram-se ligadas e valorizadas formando um todo integrador (2) . Nessa direçãomo tratamento da criança com condição crônica designa-se como complexo, demorado, prolongado, penoso e exige cuidados permanentes em relação à terapêutica e aos fatores que possam agravar o estado de saúde da criança (3) . Nesse contexto a família configura-se como importante elemento de promoção e recuperação da saúde atuando no restabelecimento físico e psicológico da criança. Vale destacar que a literatura em especial da enfermagem revela uma impossibilidade em oferecer um cuidado de qualidade à criança com condição crônica sem incluir a família no plano de cuidados (4) o que sustenta a necessidade de valorização da família como unidade de cuidado.Uma questão a ser considerada no cuidado do enfermeiro à criança com condição crônica são as alterações na dinâmica e estrutura familiar em consequência das frequentes hospitalizações da criança. No cotidiano do cuidado e do cuidar da criança com condição crônica o enfermeiro depara-se com situações difíceis no lidar com a família, exigindo do mesmo uma escuta sensível

<b> Mal de Simioto: práticas de saúde às crianças no interior do Brasil/Simioto’s disease: health practice for children in the interior of Brazil<b>

“…A ausência de vínculo entre a crença nesta prática popular de saúde e a crença religiosa das pessoas que procuram este cuidado provoca a reflexão de que os profissionais de saúde teriam mais flexibilidade ao associar esta prática popular com os cuidados profissionais por meio de uma reestruturação e negociação com os pacientes. Observa-se, ainda, que a intervenção rápida para o início do tratamento e o sucesso obtido nos casos investigados não permitiram que a religião se revelasse com um suporte ou mecanismo de enfrentamento, algo que é presente nas histórias de adoecimento infantil por condição crônica (16) .…”

Percepções do cuidado de enfermagem desenvolvido à criança com condição crônica hospitalizada

“…Nesse particular pressupõe, da equipe de enfermagem o estabelecimento de estratégias de ação/interação, a fim de garantir a continuidade e a qualidade dos cuidados realizados. 1 Trata-se, portanto, de uma circunstância que insere o cuidado de enfermagem à esta clientela no contexto da complexidade, ao passo que considera o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações que permeiam as relações de cuidado. 2 Cuidar de uma criança hospitalizada em condição crônica implica, também, em lidar com o familiar ou responsável desta, pois desde a promulgação da Lei 8.069 que regulamentou o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990, assegurou-se o direito da criança e do adolescente ter um responsável que o acompanhe durante a sua hospitalização.…”

“…4 O cuidado à criança hospitalizada em condição crônica solicita do enfermeiro o desenvolvimento de competências relacional, cognitiva, subjetiva e ética. 1 Nessa conjuntura acrescenta-se que o familiar também se encontra envolvido nessa prática realizando cuidados de higiene corporal e administração de medicamentos por via oral. 5 Admite-se que o cuidado de enfermagem à criança hospitalizada em condição crônica é um fenômeno complexo, pois se sustenta a partir de uma teia de interações estabelecidas entre o profissional, a criança e sua família; requer a elaboração de estratégias para lidar com as incertezas e com as imprevisibilidades, além disso, evoca a necessidade de um pensamento do contexto e do complexo nas relações de cuidado.…”

“…Na lente da complexidade, a estratégia é o que possibilita integrar o máximo de informações e formular esquemas de ações, a fim de reunir o máximo de certeza para o enfrentamento das incertezas do mundo real. 1…”

Cuidado à família da criança com doença crônica

“…From this perspective, care becomes prolonged and often painful, requiring permanent care in relation to therapy and factors that may aggravate the health state of the child. 5 Once the diagnosis and prognosis are established, the adaptation of the families to their new condition is fundamental for them to take care of the affected child, meeting all the child's needs.…”