Desempenho no teste do progresso e coeficiente de rendimento final de curso são preditores de aprovação na residência médica?

Abstract

Introdução: O teste do progresso (TP) é uma avaliação longitudinal e com conteúdo de final de curso cujo objetivo é acompanhar o ganho de desempenho dos estudantes e auxiliar na gestão de currículo. O papel preditivo do TP nos processos seletivos ao final do curso de Medicina vem sendo estudado com grande interesse. Objetivo: Avaliar a associação do desempenho longitudinal dos estudantes de medicina no TP em um período de seis anos e do coeficiente de rendimento final no curso com a aprovação na seleção para Residência Médica (RM). Método: Estudo longitudinal desenvolvido na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), onde foram acompanhadas as trajetórias de estudantes de medicina que concluíram o curso nos anos de 2018 e 2019 em relação ao desempenho no TP e coeficiente de rendimento final. Os dados foram extraídos da base de dados do registro acadêmico da FPS no sistema Lyceum. As informações sobre a realização e resultado no processo seletivo de RM foram obtidas no site da instituição organizadora. Para análise bivariada foi usado o teste Qui-quadrado de Pearson e o Teste exato de Fisher quando aplicado e foi utilizado teste T para comparação de médias. Foi considerado o nível de significância de 95%. Resultados: Foram avaliados 293 estudantes respeitando-se os critérios de inclusão/exclusão. A média de idade foi de 26,36 (±3,29) anos e com predomínio do sexo feminino (76%). Observou-se que 96 (33%) estudantes optaram por não ingressar imediatamente ao término do curso em programa de RM, e este comportamento esteve mais associado com a média de idade mais elevada no momento da conclusão do curso (p=0,02). Observou-se associação entre a média do TP e aprovação na RM (p<0,001), não sendo observada essa associação com o coeficiente de rendimento final (p=0,71). Conclusão: Este estudo mostrou associação entre o desempenho no TP ao longo dos seis anos do curso de Medicina e aprovação na prova de RM. Tal associação não foi identificada com o coeficiente de rendimento geral do curso. Destacamos a importância de atribuir motivação à realização do TP com cada vez mais destaque a sua função formativa e primordial no processo de aprendizagem.

Teste de Progresso para estudantes de Medicina: experiência de um consórcio na Região Nordeste do Brasil

“…O formato longitudinal abrangente do TP, baseado no conhecimento esperado ao final do curso e com a participação simultânea de estudantes de todos os anos do curso, permite revisar as estratégias de aprendizagem e contribuir para a atualização do currículo e para o acompanhamento por parte dos discentes das suas curvas de aprendizado na dimensão conhecimento [1][2][3][4] . Tem sido demonstrado também o papel preditor do TP em exames para residência médica, além de poder fornecer informações mais confiáveis para decisões sobre a progressão do estudante no curso [5][6][7][8] .…”

Teste de Progresso como ferramenta de intervenção curricular na implementação de um curso de Medicina

“…Desde então, o TP foi incorporado a um número crescente de escolas em todos os continentes 2,3 . Em 2014, a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) implementou ações de fortalecimento da educação médica de modo a ampliar o TP 4 . Em 2019, 40% das escolas médicas realizaram essa avaliação, e atualmente em torno de 200 instituições participam por meio de 18 núcleos ou consórcios interinstitucionais no Brasil 5 .…”

“…O TP consiste em uma ampla ferramenta que cumpre as funções diagnóstica e formativa 5 . Embora ainda não seja frequente, pode ser utilizada também como avaliação somativa, por apresentar o resultado em porcentagens ajustadas de acordo com o período do curso e as competências esperadas para o estágio 4 .…”

“…O TP vem sendo utilizado como importante ferramenta de análise do currículo, objetivos de aprendizagem, avaliação docente e institucional quando os dados são analisados comparativamente a outras instituições e de maneira contínua 3,4 .…”