RESUMOOBJETIVO. Avaliar a ocorrência de incontinência urinária (IU) em atletas corredoras de longa distância e associá-la a presença ou não de distúrbios alimentares. MÉTODOS. Um total de 37 corredoras de longa distância completaram os questionários ¨International Consultation on Incontinence Questionnaire-Short Form¨ (ICIQ-SF) e o ¨Eating Attitudes Test¨ . O teste do absorvente de uma hora foi realizado para quantificar a perda de urina. A análise estatística das variáveis contínuas foi feita pelo teste t pareado, ou teste de Mann-Whitney. RESULTADOS. 23 atletas (62,2%) tinham queixa de perda de urina. A média dos escores do ICIQ-SF neste grupo foi de 4,03 ± 5,06. Houve diferença estatisticamente significante entre o valor do teste do absorvente (p=0,02) e o resultado do questionário 03)
INTRODUÇÃOAs corridas de longa distância, praticadas em vias públicas, incluem: provas de 10 km, meia maratona (21,095km) e maratona (42,195km) 1 . Também chamada de "pedestrianismo", esta modalidade esportiva vem crescendo e atraindo adeptos em todo o mundo. Os corredores, profissionais ou amadores, treinam diariamente, sob a supervisão de um técnico, e participam de competições em busca de superação, recordes ou melhora da qualidade de vida.As distâncias percorridas, assim como as diferenças de superfície e as características da prova, exigem do atleta técnica e estratégias específicas. A biomecânica da corrida de longa distância difere da mecânica das demais provas de corrida 2 . Também é importante ressaltar o aumento da participação feminina neste tipo de modalidade esportiva, e que a mulher atleta não pode ser avaliada e treinada da mesma forma que o homem 3 . Além das alterações hormonais fisiológicas envolvidas no ciclo menstrual, os técnicos e preparadores físicos devem estar cientes de eventuais distúrbios clínicos que podem ocorrer, como a incontinência urinária e os distúrbios alimentares 3 . A incontinência urinária (IU) é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) como qualquer perda involuntária de urina 4,5,6 . Estudos mostram que a prevalência da IU durante a prática esportiva nas atletas de elite varia de 0% (golfe) até 80% (trampolinistas) 7,8 . As maiores prevalências ocorrem em esportes que envolvem atividades de alto impacto como: ginástica, atletismo e alguns jogos com bola 7,9 . Uma grande proporção destas atletas relata que a perda de urina é muito embaraçosa e que afeta a concentração e a performance 6,10 . Algumas teorias tentam explicar a ocorrência de IU nas atletas. Uma delas afirma que, embora as atletas tenham os músculos do assoalho pélvico fortes, a atividade física árdua levaria ao aumento da pressão abdominal, predispondo a IU 9 . Outros autores acreditam que estas atletas têm sobrecarga, estiramento e enfraquecimento do assoalho pélvico 6, 11 . Reforça esta teoria o fato de que a força vertical de reação máxima do solo durante diferentes atividades esportivas é três a quatro vezes o peso do corpo quando corremos, cinco a 12 vezes pulando, e nove vezes na queda após u...