Eventos adversos relacionados a administração de medicamentos em um hospital do Vale do Taquari

Abstract

Justificativa e Objetivos: O processo de medicação no ambiente hospitalar é uma das atividades de maior importância para assegurar a eficácia na terapêutica do paciente. Este estudo teve como objetivo conhecer a percepção da equipe de enfermagem sobre a ocorrência de eventos adversos relacionados a administração de medicamentos em um hospital do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Métodos: Trata-se de um estudo exploratório descritivo, com abordagem quali-quantitativa. Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário aos profissionais da enfermagem, constituindo uma amostra de cinquenta e oito entrevistados. A análise foi feita por meio de estatística descritiva. Resultados: Dos participantes, 96,6% conheciam as etapas para evitar erros de medicação, e 79,3% já cometeram algum erro em suas práticas profissionais na instituição. O erro mais frequente foi a dose de administração errada, 43,5%, sendo que 97,3% dos profissionais já perceberam algum erro no processo de medicação e 30% consideram a sobrecarga de trabalho um fator agravante para a ocorrência de erros. Quanto à conduta do profissional frente ao erro, 80,4% comunicavam verbalmente ao profissional supervisor e como consequência receberam orientação verbal, 78,3% das vezes. Quanto aos sentimentos frente ao erro 36,8% revelaram sentir medo de prejudicar o paciente. Conclusão: Tais achados apontam erros potenciais graves que prejudicam a segurança do paciente, no entanto, nota-se que orientações verbais são oferecidas evitando a punição, mas o incentivo para o registro de notificação do erro é precário, dificultando a equipe de identificar os erros potenciais e implementar barreiras para evitá-los.

Estratégia educacional para aprimoramento do processo de administração de medicamentos

“…A respeito do tempo de formação profissional dos participantes deste estudo, prevaleceu o de seis anos ou mais de formado e o tempo de atuação nesta instituição hospitalar foi de, no mínimo, dois anos, o que expressa um quadro de pessoal experiente. Os resultados deste estudo corroboram com os achados de alguns autores que apontam que o tempo de formação variou de seis a 10 anos, e o tempo na instituição em estudo foi em média de seis anos (ALVES et al, 2020;BASTOS, 2023;DUARTE et al, 2018;PINHEIRO et al, 2020).…”

“…Do mesmo modo, Bastos (2023) analisou a conformidade sobre a identificação do medicamento de alta vigilância durante o preparo, sendo que o nome do medicamento e a dosagem foram checados em 93,1% das situações analisadas. Todavia, estudo sobre a percepção da equipe de enfermagem quanto a ocorrência de eventos adversos relacionados a administração de medicamentos, demonstrou que 97,3% dos profissionais entrevistados identificaram alguma falha nas etapas do processo de medicação, sendo a maioria observada na conferência dos medicamentos armazenados na gaveta do paciente (17,7%) ou no momento do preparo da medicação (16,8%) (ALVES et al, 2020).…”

“…A literatura registra que fatores de interferência na segurança do paciente durante a administração medicamentosa desencadeiam erros de medicação, podendo ser o fator humano, a pressa, a falta de atenção, a escassez de funcionários, o cansaço, a falta de conhecimento e treinamento, a distração, problemas de comunicação e interpretação, a sobrecarga de trabalho ou, até mesmo, a falta de interesse do profissional (ARBOIT et al, 2020;RAMIREZ-CAMACHO et al, 2020;CÁRCAMO, TOURINHO e ALVES, 2020). No questionamento de Alves et al (2020) sobre o que o profissional considerava ser o maior motivo que leva ao erro, 30% das respostas indicaram que a sobrecarga de trabalho era o motivo principal, seguido da falta de atenção na leitura e interpretação da prescrição médica (24,8%). Na pesquisa de Bueno et al (2020) foram analisadas 260 prescrições medicamentosas e detectados erros de omissão de medicação (5,44%) devido ao aprazamento de mais de um medicamento para o mesmo horário.…”