Ysela Mandujano-Salazar analisa o modo como essas experiências são retratadas na ficção no estudo sobre "La representación de las mujeres que no desean ser madres en comedias románticas mexicanas: ¿Visibilización o invalidación de la agencia femenina?". A análise textual interpretativa de dois filmes mexicanos, que têm como personagem central uma mulher que não quer ser mãe, destaca a mensagem principal veiculada -a de que a rejeição da maternidade é afinal uma circunstância que, com a ajuda de um homem, pode ser superada, minimizando dessa maneira a agência das mulheres e reforçando a romantização da maternidade.Estes dois estudos, cada um à sua maneira, constituem elementos de atualização da centralidade que a maternidade continua a ter na vida das mulheres -ou porque são mães ou porque não são. A maternidade parece continuar a ser a condição 'prático-inerte' que transforma as mulheres em série, no sentido que lhe foi conferido por Iris Marion Young, ao retomar a distinção original entre série e grupo social de Sarte.Em sentido oposto, a condição de mãe é o critério de elegibilidade das mulheres participantes no estudo apresentado por Marina Dias de Faria e Sílvia Portugal no texto que intitularam "Migração, gênero e maternidade: narrativas autobiográficas de mulheres que emigraram do Brasil" e em que as autoras dão conta da centralidade dos/as filhos/as nos processos de migração feminina. Frequentemente, a principal motivação para a migração é facultar uma vida, uma educação, um futuro melhor para a sua descendência.A fechar esta secção da ex aequo, encontramos um texto de revisão em torno de análises sobre o impacto do #MeToo, suscitada pela leitura de The New Sex Wars de Brenda Cossman. É da autoria de Ana Oliveira e tem o título "Twitter, chá e biscoitos: recensão ensaística de The New Sex Wars de Brenda Cossman". Ao fazer a apresentação da obra, este texto problematiza-a do ponto de vista substantivo, questionando as posições de Brenda Cossman sobre a regulação normativa da sexualidade, e epistemológico, confrontando-a com o seu americocentrismo e a sua autorreferencialidade.Na secção das Recensões, encontramos ainda leituras interessantes sobre obras a merecerem atenção, pelos mais variados motivos. Juliana Inez Luiz de Souza chama a atenção para a importante obra organizada por Mieke Verloo sobre Varieties of Opposition to Gender Equality in Europe, que beneficia da larga experiência da organizadora em projetos de estudo e de intervenção de promoção da igualdade de género a nível europeu desde há duas décadas. À medida que estas se aprofundam, enfrentam questionamento e oposição, em face de um contexto em que se disseminam movimentos e políticas conservadoras e de retrocesso. Uma sugestão de leitura muito importante nos tempos que correm.As duas recensões seguintes sintonizam-se com a temática do dossier sobre "Pós-memórias no feminino". Sandra Sousa sublinha a importância da obra Between Starshine and Clay: Conversations from the African Diaspora, de Sarah Ladipo Manyika, como ilustração de como o biogr...