Introdução: O corpo tem se destacado na literatura sobre a formação em terapia ocupacional, que coloca a compreensão sobre a experiência corporal ser formativa. Considerando que o processo formativo também seja corporal e atravessado por forças do contexto histórico, social, político, econômico e cultural, questiona-se sobre como o tema conduz perspectivas para o campo. Objetivo: Investigar o tema corpo na formação de terapia ocupacional no Brasil, a partir de documentos orientadores e narrativas de docentes. Métodos: O método da cartografia conduziu as percepções sobre o habitar esse território, apresentado em camadas: análise de documentos dos cursos ativos e formulários direcionados às coordenações dos cursos e a docentes responsáveis por disciplinas específicas. Resultados: As diretrizes curriculares referem ‘atividades corporais’ ou ‘funções do corpo’. As disciplinas referidas pelos cursos indicam carga horária predominantemente teórica. As narrativas docentes se amparam no processo formativo experiencial, sensível e poroso, aberto a deslocamentos nas formas de agir, ensinar e atuar, baseado no encontro e nas afetações dos corpos. Enquanto os documentos indicam práticas opcionais e visões reducionistas sobre o corpo, as docentes contam de uma produção compartilhada, acolhendo riscos, incertezas e desconfortos, suspendendo visões reprodutíveis, normativas e mercadológicas. Conclusão: A diferença de perspectivas entre documentos e relatos destacam um desvalor pela constituição de saberes pela experiência, mas indicam uma resistência das docentes a parâmetros gerais, ao investirem na constituição de corpos-terapeutas ocupacionais atentos e disponíveis, o que redimensiona o lugar do corpo na formação e problematiza a própria fundamentação profissional.
Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Corpo. Ensino.