O trabalho docente no Brasil sofre com questões estruturais, entre as quais está a violência escolar. As investigações brasileiras e internacionais sobre esse tema tendem a se concentrar nas agressões sofridas pelos alunos. As pesquisas nacionais sobre professores carecem de informações sobre as taxas gerais de vitimização, os tipos de agressões sofridas, os perpetradores dos atos violentos e as variáveis preditoras. A pesquisa ora apresentada teve como objetivos: 1) determinar a natureza e a dimensão da violência direcionada a professores, considerando o tipo de agressão e o respectivo perpetrador; 2) analisar aspectos demográficos que estão associados às vitimizações relatadas. Participaram 744 professores, da educação infantil e do ensino fundamental de escolas públicas de um município cearense, que responderam voluntariamente a um instrumento padronizado autoaplicável. Os resultados revelaram que 62,2% dos professores relataram ao menos uma forma de vitimização e, destes, 42,5% indicaram ter sofrido atos violentos oriundos de alunos. Mais da metade da amostra reportou ao menos um ato de assédio verbal; quase um terço afirmou ter sofrido atentados contra a propriedade; 21,5% apontaram terem sido vítimas de agressões físicas e 8,6% afirmaram ter recebido ofertas de drogas. Os achados indicaram que havia uma maior probabilidade de homens, bem como professores que atuavam em classes de ensino fundamental II e docentes com contratos efetivos, relatarem uma frequência superior de atos violentos. Não houve diferenças nas taxas de vitimização quando se observaram a raça e a etnia dos participantes, com exceção dos indivíduos que se declararam amarelos, indígenas ou que preferiram não dar essa informação, para os quais houve uma maior incidência de insultos sexistas.