Letramento e avaliação em tempos de covid-19: uma análise com estudantes da EJA

Abstract

O estudo toma como objeto de análise o acesso ao ensino remoto de uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de ensino médio, instalado em função da covid-19, e correlaciona práticas de letramento e avaliação. O material empírico foi produzido por meio de observação do grupo de WhatsApp da turma, meio de comunicação nas atividades pedagógicas não presenciais. Tomam-se como referência estudos sobre letramento, avaliação e tecnologia, para a análise das práticas de letramento e de como nelas se engendra a avaliação escolar. Os resultados mostram que nas práticas de letramento se encontram tensionadas as razões de vida de estudantes da EJA e as lógicas escolares, sobressaindo nessas lógicas os aspectos regulatórios e predominando uma avaliação técnica e somativa, em detrimento dos aspectos formativos.

Access and use of digital technologies in public education in the state of Minas Gerais during the COVID-19 pandemic

“…Frente ao desafio de garantir a continuidade da educação escolar durante a pandemia, as escolas públicas mineiras disponibilizaram programas e plataforma via internet para a continuidade das aulas. Embora possa parecer abrangente, o formato não foi promissor, pois todos os veículos estabelecidos no formato remoto (Plano de Estudos Tutorados, programa de TV Se Liga na Educação e aplicativo Conexão Escola) não abrangiam o território mineiro de forma igualitária (OLIVEIRA et al, 2021;SOUZA;NETTO, 2021).…”

“…Pondera-se que o conjunto de legislações e decretos que regem as regulações da educação em tempos de pandemia em Minas Gerais estabeleceu como uma das prioridades o controle do processo ensinoaprendizagem e da oferta remota. Coube aos docentes o preenchimento de formulários com registro das atividades dos PETs e do cumprimento da carga horária (semanal e mensal) por estudante e por turma; a elaboração de plano de trabalho individual no regime de teletrabalho; e coube a gestores das escolas preenchimento de outros formulários sobre a organização do ensino remoto (MINAS GERAIS, 2020;OLIVEIRA et al, 2021;SOUZA;NETTO, 2021).…”

“…Entretanto, para estudantes sem acesso à internet, constatam-se processos de exclusão digital e territorial, como afirma Haesbaert (2014), ao discutir sobre as exclusões do território virtual. Reflexões de autores sobre o ensino remoto em Minas Gerais reafirmam esses processos de exclusão (OLIVEIRA et al, 2021;SOUZA;NETTO, 2021).…”