Introdução: Eventos adversos a medicamentos (EAM) representam um importante problema de saúde pública, sendo associados à morbimortalidade, maior taxa de permanência hospitalar e elevação de custos. Os idosos e os pacientes de unidade de terapia intensiva (UTI) são grupos de risco para a ocorrência desses eventos. O uso de rastreadores, que representam situações indicativas de potenciais EAM, simplifica a detecção de EAM por meio do screening sistemático de prontuários, possibilitando a mensuração da taxa dessas adversidades continuamente e permitindo avançar na prática de segurança do paciente crítico. Objetivo: Analisar os eventos adversos a medicamentos e fatores associados em pacientes idosos de UTI. Método: Coorte retrospectiva conduzida com idosos internados em UTI do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A amostra consecutiva foi composta por prontuários de idosos, hospitalizados por no mínimo 24 horas para tratamento clínico ou cirúrgico e que tenham recebido pelo menos um medicamento. Os pacientes foram acompanhados da internação até a saída da UTI por alta ou óbito. Para a identificação dos EAM utilizou-se o instrumento do Institute for Healthcare Improvement (IHI) adaptado para a realidade local, que inclui rastreadores medicamentosos, bioquímicos e clínicos. Foram coletadas variáveis demográfico-clínicas, relativas ao regime terapêutico, exames laboratoriais, intervenções durante a internação e sinais/sintomas clínicos. A variável dependente foi a ocorrência de EAM. Os dados foram analisados por meio dos testes Qui-quadrado, Exato de Fisher, Correlação de Pearson e regressão logística multivariada, com significância de p≤0,05. Resultados: A incidência de pacientes com EAM foi 22,3% e o número de EAM por 100 pacientes foi 32,3, média de 1,4 EAM. A amostra foi composta predominantemente por homens (54,6%), idosos jovens (68,8%), internados para procedimentos clínicos (67,4%) e sujeitos a polifarmácia (70,6%). Sangramento (21,7%), injúria renal aguda (20%), hipotensão (18,3%), náusea/vômito (15%) e hipoglicemia (13,3%) foram os EAM mais frequentes. Identificou-se correlação positiva entre EAM e as variáveis comorbidades (r=0,189), tempo de internação (r=0,288) e número de medicamentos prescritos (r=0,282). Os fatores de risco para EAM em UTI foram ventilação mecânica (OR= 2,614; IC95% 1,393-4,906; p= 0,003), injúria renal aguda (OR= 3,794; IC95% 1,688-8,527; p=0,001) e diabetes mellitus (OR= 3,280; IC 95% 1,703-6,315; p= 0,000). Conclusão: A ocorrência dos EAM mostrou-se correlacionada positivamente com atributos que são muito característicos de idosos admitidos em UTI, aspecto que pode servir de alerta aos profissionais que realizam o monitoramento desses eventos.