Luz E Sombra No Percurso Curricular Da Educação Infantil No Município De Araraquara

Abstract

O artigo apresenta a trajetória de constituição da rede municipal de Educação Infantil de Araraquara/SP, revelando o movimento de avanços e descontinuidade de políticas e ações com vistas à consolidação de uma proposta curricular que expresse as especificidades daquela rede, ao mesmo tempo em que visa, pioneiramente, superar a hegemônica e prevalecente concepção assistencialista do então pré-escolar. Buscamos demonstrar as contradições próprias dos processos históricos que, ora produziram cenários locais dissidentes das políticas nacionais, ora as incorporaram. Por meio de um recorte nas duas últimas décadas contextualizamos as últimas reflexões e iniciativas que precederam e originaram a criação do Programa Cresça e Apareça, programa de formação continuada de educadores e professores daquela rede, que tinha por finalidade e sob os preceitos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica, repensar os conteúdos necessários à humanização das crianças, incorporá-los às práticas dos educadores e professores, em substituição à tendência nelas evidenciada, em sublimar o ensino de conceitos e desenvolvimento de novas habilidades exigidas para consolidar nas crianças, sua condição de sujeitos sócio históricos. O programa tinha ainda o objetivo de escrever uma nova Proposta Curricular. Revelamos os passos que foram dados no interior do Programa Cresça e Apareça, reafirmando nossa compreensão de que o ensino sistemático e intencional da experiência coletiva, sintetizada nas ciências, oferecido às crianças que frequentam a Educação Infantil, tem a prerrogativa de assegurar-lhes o desenvolvimento pleno de sua humanização.

A proposta de Centros de Educação e Recreação no município de Araraquara: uma história de avanços e contradições

“…Nessa reorganização, os CER, tal qual nos dias atuais, passaram a oferecer três modalidades de atendimento: berçário, para crianças menores de 03 anos; pré-escola, para crianças de 03 a 06 anos; recreação, para crianças de 03 a 06 anos atendidas em período integral. (BARBOSA;PIMENTA, 2018). Percebemos, assim, que a pré-escola ainda -mesmo na organização peculiar de Araraquara -denotava um caráter educacional diferenciado se comparado ao atendimento oferecido aos berçários, muito mais preocupado com os cuidados propriamente ditos.…”

“…Corrobora tal afirmação o fato de que a pré-escola se orientava didática e Nayane Moreno Perea e Géssica Priscila Ramos pedagogicamente pela chamada Proposta Curricular para a Educação Pré-Escolar, elaborada pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), da Secretaria do Estado de São Paulo. (MASCIOLI, 2012;PEREIRA, 2008;BARBOSA;PIMENTA, 2018). Tal proposta foi introduzida nos CER na forma de orientações técnicas a partir de 1977de (MASCIOLI, 2012PEREIRA, 2008) até 1983, segundo Cavicchia (1993.…”

“…Pretendia-se, desse modo, expandir o atendimento infantil pelo chamado Cinturão Saúde-Educação nos bairros periféricos de Araraquara (BARBOSA; PIMENTA, 2018), concretizado pela construção de CER e de Centros de Saúde lado a lado. (CAVICCHIA, 1993;ASSIS, 2004;MASCIOLI, 2012;BERTOCHI, 2016;BARBOSA;PIMENTA, 2018). Tal proximidade servia como forma de beneficiar tanto as crianças como a população carente circunscrita naquelas localidades (CAVICCHIA, 1993).…”

“…A título de síntese, a pesquisa de Barbosa (2008) associada à avaliação da equipe técnica da SME identificavam basicamente: a) falta de interação dos professores nas ações educativas; b) falta de intencionalidade nas atividades propostas pelos professores, sem clareza dos objetivos; c) ações insuficientes frente ao objetivo de desenvolver integralmente as crianças; d) ações de cuidado negligenciando as ações com finalidade educativa. (ARARAQUARA, 2016;BARBOSA;PIMENTA, 2018).…”