Memórias, Mulheres E Poder Na Presidência Das Colônias De Pescadores/as Em Pernambuco

Abstract

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“Pra defender meu território, viro Enxu”

“…Desde a década de 1980 pesquisadoras renomadas como a professora Ellen Woortmann (1991), Edna F. Alencar (1993), Rosário Leitão (2019) desenvolveram pesquisas com abordagem de gênero destacando questões relacionadas à invisibilidade, a luta pelo reconhecimento e a atual presença das mulheres nos locais de tomada de decisão e poder nas organizações políticas que antes eram negadas as mulheres da pesca. Essas autoras mostram que as mulheres trabalhadoras da pesca, logo pescadoras, sempre estiveram presentes na comunidade, mas muitas vezes, a perspectiva do pesquisador enfatizava uma visão bipolar em que o mar era o lugar do homem e a terra o da mulher (ALENCAR, 1993(ALENCAR, , 2021.…”

“…As mulheres são acompanhadas pelos filhos e netos de ambos os sexos, na pescaria, no trabalho reprodutivo, assim como na luta política 5 . Ainda nessa perspectiva, Leitão (2019) afirma que a epistemologia feminista possibilita problematizar a presença e a ausência das mulheres nos espaços de tomada de decisão e poder na nossa sociedade. Quando pensamos em comunidades tradicionais pesqueiras e na representação social que a própria sociedade faz sobre o trabalho na pesca, na ocupação dos lugares públicos e privados por homens e mulheres, sobre a divisão sexual do trabalho doméstico e do trabalho remunerado dentro de casa, na roça e no mar, os estudos que abordam a temática de pesca e gênero se somam aos movimentos sociais da pesca, para descontruir essa ideia de que pescador é apenas homem e de que mulheres são apenas ajudantes dos pescadores.…”

Conhecimentos e pesca artesanal feminina

“…Estas definem papéis direcionados a mulheres e homens, com posições diferenciadas de acordo com os sexos, as quais designam posições vantajosas aos homens. ParaLeitão (2019):Na pesca artesanal a abordagem de gênero está relacionada ao conceito de patriarcado, o qual nos dá subsídios para compreendê-lo a partir das desigualdades entre as subjetividades relacionadas aos comportamentos considerados masculinos e femininos na sociedade, inclusive na análise da cadeia produtiva da pesca artesanal, que consiste em diferenças sociais, econômicas e históricas, construídas e legitimadas em função das desigualdades vivenciadas e naturalizadas pela sociedade. (LEITÃO, 2019, p. 89).…”