Nos anos em que estive na Unicamp para fazer o mestrado vimos a ascensão de movimentos liberais conservadores que levantavam pautas contra as políticas de inclusão social. Vimos o Golpe parlamentar midiático em 2016 que foi sustentado pelo discurso anticorrupção, mas colocou no poder um grupo escancaradamente corrupto.Esse grupo aprovou 'reformas' que não foram discutidas e aprovadas nas urnas. O Golpe de 2016 seguiu em continuidade com a condenação em primeira e segunda instância do ex-presidente Lula que é o político com maior intenção de votos no início do ano de 2018 para as eleições do mesmo ano. A sua condenação foi baseada em delações e em fracos indícios que não se configuravam em provas.Esse período tem se mostrado de fortes ataques à classe trabalhadora, aos movimentos sociais, aos estudantes, aos partidos políticos e vejam só, à frágil democracia burguesa.Passar por esse momento da política brasileira e da pesquisa foi difícil, mas também foi formador. Todos aqueles que fizeram parte desse momento foram importantes. Agradeço aos professores que estiveram presentes nesses anos de formação, à minha família, ao meu companheiro, às minhas amigas e amigos e à minha orientadora Neri que, com toda a sua experiência de vida como pesquisadora e militante, me apontou caminhos para a pesquisa. Obrigada a todas e todos.
ResumoO objetivo deste trabalho é analisar as relações entre a formação de estudantes nas condições específicas exigidas e proporcionadas pela bolsa oferecida pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), as mudanças nas trajetórias sociais que o acesso ao ensino superior proporcionou aos bolsistas e a inserção no mercado de trabalho. Para isso, foi aplicado um questionário via a rede social facebook com 175 egressos do ensino superior -bolsistas e não bolsistas -e realizado seis entrevistas com bolsistas e egressos bolsistas do Prouni. Em relação aos bolsistas, o trabalho duro e o esforço físico foram necessários para que fosse possível frequentar as aulas, arcar com os custos do curso, com transporte e alimentação. E foram necessárias também disposição e disciplina para estudar e acompanhar o curso. O encontro desses dois valores e dessas duas necessidades -a 'ética do estudo' e a 'ética do trabalho duro' -exigiu do bolsistas um comportamento disciplinar redobrado. Os resultados da pesquisa sinalizam que esse comportamento provoca efeitos positivos no tocante à inserção no mercado de trabalho.Palavras chaves: Prouni, mercado de trabalho, ética do estudo, ética do trabalho duro