No interior da região semiárida brasileira (bioma Caatinga), há ocorrência de refúgios de vegetação de outros biomas que se apresentam principalmente em topos de formações geológicas do período Pré-Cambriano, como a Chapada do Araripe. Este trabalho objetivou o conhecimento da estrutura, diversidade e similaridade florística de um fragmento de mata úmida na Chapada do Araripe, sul do Ceará (708m Alt.), visando subsidiar estratégias de conservação dessa comunidade, área de relevante valor ecológico, cultural e paisagístico. Em 13 parcelas de 25x25m (0,8 ha), foram inventariados todos os indivíduos com DAP ≥ 5cm, observando-se altura total. A similaridade florística foi observada pelo método de Jaccard a partir da comparação com outras sete áreas em diferentes regiões do Brasil. Foram encontradas 66 espécies distribuídas em 34 famílias, num total de 1.544 indivíduos com DA=1.997,30 ind.ha-1 e AB=32,618 m²ha-1. Fabaceae (25,75%) e Myrtaceae (6%) apresentaram maior número de espécies e Brosimum gaudichaudii apresentou maior IVI. O índice de Shannon (H’) foi 3,13 e a equabilidade de Pielou (J’) foi 0,75. A diversidade beta, comparada com outras áreas de mata úmida (core e disjuntas), foi considerada alta e a estatística apontou maior similaridade com área da mesorregião da mata pernambucana. Os resultados permitem caracterizar a área como refúgio vegetacional de mata úmida, corroborando com a teoria dos refúgios e evidenciam forte penetração de espécies savânicas (cerradão, cerrado, caatinga/carrasco) enfatizando a atuação de impulsos climáticos ocorridos no Quaternário e apontando para a necessidade de estratégias de conservação devido ao antropismo acelerado.