O projeto profissional de jovens das classes médias: orientações normativas e estratégias de inserção

Abstract

A partir das transformações econômicas e sociais das últimas décadas, como a flexibilização e a precarização das condições de trabalho decorrentes da reestruturação produtiva, alteram-se os modos como os indivíduos planejam seu futuro profissional. Este artigo apresenta uma discussão sobre juventude e sua relação com o mundo do trabalho, em especial sobre a construção do projeto profissional no contexto da modernidade tardia, marcada pela imprevisibilidade e individualização das trajetórias. Pretendeu-se investigar de forma exploratória as principais orientações normativas, entendidas como valores centrais que norteiam as ações e alicerçam a construção de projetos profissionais. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com nove jovens universitários pertencentes às classes média e alta do Rio de Janeiro, de diferentes cursos superiores e em busca da primeira contratação profissional. Entre os principais resultados destacam-se as seguintes orientações normativas: a busca pela "qualidade de vida" e pela realização pessoal por meio do trabalho; a constante ascensão e qualificação profissional e a individualização das trajetórias de vida.

Inserção profissional e carreira de formandos e egressos brasileiros: revisão da literatura

“…Somam-se a isso o aumento das exigências feitas aos profissionais e a precarização do trabalho (Ribeiro, 2011). A instabilidade e mobilidade favorecem o aumento da insegurança dos trabalhadores, especialmente daqueles que estão entrando no mercado de trabalho, podendo isto contribuir para a dificuldade de inserção profissional dos jovens (Hannickel, 2004;Souza & Castro, 2014).…”

Bases para uma teoria do projeto na estratégia clínica em orientação profissional e decarreira: entre o futuro, a narrativa e a fantasia

“…Todo projeto deve ser uma narrativa enraizada em outras narrativas que são construídas sobre a vida da pessoa, ou seja, sobre seu passado e presente. O projeto está calcado na trajetória de vida da pessoa, que por sua vez é moldada por múltiplas determinações, como a dinâmica familiar, a vida acadêmica/escolar e os grupos de pertencimento (Souza & Castro, 2014). É a partir de uma história do que já existiu, do que já foi vivido e experimentado, que pode ser produzido um vocabulário com o qual será composta a narrativa sobre o que ainda não existe.…”

“…A narrativa é uma maneira possível de estruturar o projeto porque nenhuma narrativa se emite em neutralidade, ao contrário, sempre comporta o contexto do qual advém e explicita formas de relação com o mundo que remetem ao conjunto de códigos e signos compartilhados (Souza & Castro, 2014). Quando uma pessoa pensa em algum planejamento para o futuro, os processos históricos e sociais do seu contexto incidem sobre seu ponto de vista individual (Souza & Castro, 2014), estruturando seu pensamento e sua subjetividade como um todo, como fica claro no conceito de habitus de classe de Bourdieu (2007).…”