O sofrimento ético no mundo do trabalho dos jornalistas

Abstract

Com base em uma análise qualitativa de entrevistas semiestruturadas realizadas com 15 repórteres que atuavam no Estado de São Paulo em 2016, este artigo conceitua um fenômeno recorrente nas trajetórias de jornalistas brasileiros e escassamente documentado pela literatura, a saber, o sofrimento ético. Tencionando duas chaves explicativas oferecidas pela sociologia do jornalismo que tomam relatos de infração aos códigos deontológicos como sintoma da inconsciência de classe entre os comunicadores ou como resultado das transformações nas organizações de mídia, este estudo recupera o arcabouço da economia política da comunicação para demonstrar a persistência histórica do sofrimento ético.

Media crisis and its effects on digital journalism careers in Canada

“…I’ve been in this business for a long time, saved up some money, and I’m trying to build a home life for myself and my wife, start a family, you know, that’s my priority now”. Now, if passion is an important element that a journalist considers for entering and remaining in journalism, and it helps relieve the stress and sources of suffering arising from work (Lelo 2019), then the feeling of uncertainty and pessimism expressed by some interviewees could potentially explain the increased numbers of journalists who leave the profession previously described in other studies (Cohen et al, 2019; Reinardy, 2011).…”

Silêncio na redação – a saúde mental de jornalistas na abordagem da comunicação de riscos

“…Reforçando a discussão sobre o sofrimento no mundo do trabalho dos jornalistas, Lelo (2019) observa que em face das significativas reconfigurações da cultura do fazer jornalístico, especialmente na última década, as fontes de reconhecimento no trabalho e o sofrimento ético também representam riscos à saúde mental e física dos profissionais de comunicação.…”

“…Com base nos achados de Lelo (2019), é possível afirmar que o debate e os estudos sobre esse tema não estão acompanhando o avanço do sofrimento dos jornalistas no mundo do trabalho, que sofrem com a deterioração da saúde mental, com as relações coletivas e a sua própria identidade profissional em um cenário de constate mudança. Vale ressaltar que os 15 entrevistados mencionaram o descrédito em relação às associações de classe (LELO, 2019).…”