O trabalho para mulheres egressas da licença maternidade: (re)pensando as transformações profissionais no contexto de educação

Abstract

Este artigo objetiva analisar as percepções de mulheres egressas da licença maternidade sobre o trabalho, bem como compreender que transformações as vivências inerentes à maternagem geram em seus modos de serem trabalhadoras no contexto educacional. Adotou-se como método a pesquisa qualitativa com recorte transversal. Participaram da pesquisa 13 servidoras da área da educação, vinculadas no setor público de um município de Minas Gerais. Como técnica, utilizou de entrevistas semiestruturadas, as quais foram analisadas a partir da teoria dejouriana e de autores que com ela dialogam. Como resultados observou-se a ressignificação das participantes em meio aos conflitos no egresso ao trabalho. As cisões entre espaço doméstico e espaço público, trabalho doméstico e trabalho assalariado, maternidade e trabalho, articulada ao conjunto de conflitos e dificuldades marcaram a separação entre mãe e bebê. Entretanto, o enfrentamento das condições desfavoráveis, os laços coletivos que estas situações puderam proporcionar, assim como as contribuições que a vivência da atividade de cuidado, são compreendidas de modo positivo.

Adaptation of nursing practitioners for maintenance of breastfeeding after maternity leave / Enfrentamento de profissionais de enfermagem na manutenção da amamentação pós-licença maternidade

“…Thus, it is important to consider the relationship with work as a mediator in the construction of health strategies, not only related to exclusive breastfeeding, but also to the health of the mother-child binomial as a whole, emphasizing the mental health of the working mother and the emotional impact of the moment of separation between the two. 15…”

Maternidade E Trabalho: Revisão Integrativa Da Produção Nacional Entre 2010 E 2020

“…Em relação a esses direitos, pode-se citar a licença maternidade. As normas em vigor preveem um período de afastamento, em geral, de 120 dias sem prejuízo no salário, podendo, em alguns casos, ser de 180 dias (Andrade et al, 2020a;2020b;Garcia & Viecili, 2018;Uhr et al, 2018).…”

“…Em estudos com dados mundiais realizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2015) constatou-se que a remuneração das mulheres é, em média, 77% menor que a dos homens, e, sem uma ação orientada, não será possível conseguir a igualdade salarial antes de 2086. Além da desigualdade de remuneração, muitos empregadores são influenciados pela visão de que as mulheres geram prejuízos para organização por conta de sua capacidade reprodutiva, e acabam perpetuando condutas preconceituosas em torno do trabalho feminino, gerando dificuldade de inserção e ascensão para mulheres no mercado de trabalho (Andrade et al, 2020b;Garcia & Viecili, 2018;Seggiaro, 2017).…”

“…Situações assim podem ser causas de sofrimento e até adoecimento para as mulheres, merecendo um olhar atento e empático por parte da rede de apoio familiar e ações por parte das organizações visando à diminuição das desigualdades e à valorização da maternidade (Andrade et al, 2020b;Andrade et al, 2018).…”

“…A maternidade se encontra entre as escolhas disponíveis aos propósitos individuais femininos, podendo ser uma opção que se manifesta associada a outros projetos pessoais, como os de independência econômica e profissional (Caroliny, 2016). É muito comum a maternidade estar conciliada com uma atividade profissional (Andrade et al, 2020b) em função da inserção da mulher no mercado de trabalho e consequentes alterações na estrutura social (Garcia & Viecili, 2018). Essas transformações influenciaram um novo papel feminino e uma alteração considerável na identidade social., implicando significativamente no modo de vida e o sentido do trabalho para as mulheres como mais um papel de realização além da maternidade (Fabbro & Heloani, 2010;Garcia & Viecili, 2018;Oliveira et al, 2011).…”