O traje de cena como documento

Abstract

Este artigo busca investigar o traje de cena, ou figurino, como um objeto que faz parte do espetáculo nas suas mais variadas vertentes e que, depois de encerrado o evento, se torna vestígio material. Nessa nova condição, torna-se um documento, como descrevem Le Goff, Rússio e Pavis, e sua análise permite ajudar a entender – não recompor, dada a natureza efêmera dos eventos dos quais participa – o espetáculo do qual fez parte, a partir de características materiais contidas nele (tecidos, formas, cores…) e de outros documentos a ele associados (fotografias, croquis…).

Dzi Croquettes

“…Os conceitos de figurino e roupa foram revisitados para demonstrar como o grupo utilizou peças do cotidiano ou da moda vigente para a construção do seu figurino. Segundo Fausto Viana (2017) e Rita Bustamante (2008), o figurino são vestimentas específicas para a representação no palco, que criam personagens e um texto por meio da estética. Essa tese está em consonância com o pensamento da semióloga Lucia Santaella (2004; e do pesquisador de moda Carlos Gardin (2008), que concebem que a roupa cotidiana, ou uma peça extraída da moda, também apresenta uma linguagem não verbal, traduzindo uma ideia para quem a veste e para quem a visualiza, aproximando o figurino do vestuário.…”

“…The concepts of costumes and clothes were revisited to demonstrate how the group moved every day or current fashion pieces to build their costumes. According to Fausto Viana (2017) and Rita Bustamante (2008), costumes are specific garments for representation on stage, creating characters and a text through aesthetics. This thesis, however, is in line with the thinking of semiologist Lucia Santaella (2004; and fashion researcher Carlos Gardin (2008), who conceive that everyday clothing, or a piece extracted from fashion, also has a language non-verbal, translating an idea for the wearer and the viewer, bringing the costume closer to the clothing.…”

O figurino do espetáculo Saurê: registros de uma baianidade diaspórica Salvador/BA

“…Há coisas que na nossa compreensão são elementos fundamentais para que o figurino se constitua em uma fonte de pesquisa possível, a primeira delas seria o conhecimento sobre o figurinista, e a segunda, a vestimenta. Sobre isso Fausto Viana (2015) reforça que o figurino ou o traje de cena como ponto de referência numa pesquisa é plenamente viável e, portanto, necessita ser conservado.…”