Óleos essenciais do gênero Citrus como alternativa aos solventes endodônticos convencionais: importância no cenário pandêmco da COVID-19

Abstract

Mesmo com os avanços técnicos da Endodontia, são frequentes os insucessos endodônticos, sendo indicado o retratamento. A remoção do material obturador do canal radicular é uma etapa importante para o sucesso clínico do retratamento, sendo necessária a utilização de solventes químicos para remoção do material obturador, muitas vezes tóxicos à saúde humana e ao ambiente. Portanto, neste trabalho foram avaliadas a efetividade e a segurança de óleos essenciais pertencentes ao gênero Citrus como alternativa aos solventes endodônticos convencionais. Foram investigadas a capacidade solvente e a atividade biológica de 10 óleos essenciais (1 - C. aurantium var. amara, 2 - C. deliciosa, 3 - C. deliciosa, 4 - C. sinensis, 5 - C. grandis, 6 - C. medica limonum, 7 - C. aurantium dulcis, 8 - C. reticulata, 9 - C. sinensis, 10 - C. sinensis) e 3 controles (eucaliptol, Endosolv®E e clorofórmio). O perfil químico dos óleos essenciais foi avaliado por meio da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas; a efetividade dos óleos essenciais na remoção da gutapercha, por meio dos testes de desintegração; dureza por penetração e análise da superfície da guta percha, através de microscopia eletrônica de varredura. Também foram avaliados o potenciais biológicos: a) antimicrobiano por meio da análise turbidimétrica contra E. faecalis ATCC 51299 e C.albicans ATCC 10231 e a atividade antioxidante pelo do método de sequestro de espécies reativas de oxigênio. A toxicidade foi avaliada pelo ensaio com 3-(4,5-dimetil-2tiazolil)-2,5-difenil-2H tetrazólio (MTT) empregando fibroblastos murinos (L929). Todos os óleos apresentaram Dlimoneo e β-mirceno na sua composição. O óleo 7 apresentrou maior efetividade na remoção da guta percha. Todos os óleos apresentaram atividade bacteriostática contra E. faecalis ATCC 51299 e apenas os óleos 1, 5 e 6 apresentaram atividade antifúngica contra C. albicans ATCC 10231. Os óleos 1-4, 6, 7, 9 apresentaram maior atividade antioxidante em comparação com os controles. Nenhuma substância avaliada demonstrou ser citotóxica para fibroblastos murinos (L929) até a concentração de 62,5 µg/mL. Conclui-se que o óleo 7 é uma alternativa viável à utilização de solventes orgânicos convencionais, pois apresenta compostos químicos com capacidade efetiva de solubilização da guta percha, exibiu atividades antimicrobiana e antioxidante, além de baixa citotoxicidade. Ainda, representa uma opção natural que propicia o bem-estar aos pacientes que desejam soluções práticas, mas que também estão preocupados nos impactos nos âmbitos social, ambiental e econômico que estes produtos podem causar.