Os Desafios do Bem-estar na América Latina, as Políticas de Igualdade de Gênero e as Respostas Governamentais para a “Crise do Cuidado”

Abstract

Os países latino-americanos enfrentaram profundas transformações sociais e demográficas nos últimos vinte anos, com a incorporação massiva das mulheres no trabalho remunerado, transformações no escopo da família nuclear e o envelhecimento de sua população. Essas transformações geram dilemas associados à relação entre o trabalho remunerado e não remunerado e à “crise do cuidado”. Se houve uma renovação da agenda social entre o início do século e meados da sua segunda década, na América Latina, quais foram as percepções e respostas dos Estados a estas transformações? A partir do aporte da literatura sobre Estados de Bem-Estar Social, suas críticas feministas e adequações para pensar o contexto regional, serão analisados os planos nacionais de igualdade de gênero, com o objetivo de averiguar se e como os governos consideraram, valoraram e propuseram soluções para essas transformações. Conclui-se que para que os sistemas de bem-estar latino-americanos desafiem as desigualdades de gênero é necessário efetivar e fortalecer a participação do Estado na produção do viver.

Participação feminina na gestão dos empreendimentos rurais brasileiros

“…Quais os esforços governamentais para tanto? O modelo de Estado que objetiva dotar as pessoas do bem-estar social, tem por base patriarcal, o que seria uma preocupação dos movimentos feministas, pois expressa as desigualdades de gênero ao manter o quadro de dependência feminina (Paradis, 2019).…”

“…A queda na fecundidade e o consequente envelhecimento populacional se dão em parte devido a precarização da mulher no mercado de trabalho (Paradis, 2019).…”

“…A naturalização da mulher como cuidadora a exclui de acessar diversos direitos (inclusive a seguridade social) e revela, que para as mulheres, o trabalho de cuidados sempre esteve em crise, incluindo as pessoas com deficiência e as idosas neste contexto (Paradis, 2019).…”

“…A divisão sexual do trabalho desfavorece as mulheres, pois as prioriza no campo do trabalho reprodutivo, incluindo as tarefas de cuidados e assim, menor reconhecimento social, maior dificuldade a exercer funções de liderança, de terem maior prestígio social. Porém, o grande volume de mulheres ingressantes no trabalho produtivo, bem como o envelhecimento populacional, modifica a lógica estrutural do trabalho (Paradis, 2019).…”

“…18% são geridos por pessoas do gênero feminino. Quando se trata de idade, 47,5% são geridos por pessoas de 45 a 65 anos (IBGE, 2011;2019). Diante desta grandeza territorial e populacional, a mulher não pode ser limitada a se dedicar aos trabalhos de cuidados.…”