Os primeiros turbiditos do Brasil

Abstract

No sul do Paraná e boa parte do estado de Santa Catarina aflora uma sucessão de ritmitos e arenitos de idade eopermiana, cuja gênese está relacionada à ação de correntes de turbidez. Esses depósitos foram identificados por Salamuni e colaboradores em 1966, sendo assim os primeiros turbiditos descritos no Brasil. No entando, essa contribuição tem sido esquecida na literatura geológica brasileira. O intervalo turbidítico situa-se no Membro Rio Segredo da Formação Taciba, terço superior do Grupo Itararé, Bacia do Paraná. As fácies incluem desde turbiditos delgados em camadas centimétricas de arenito muito fino que grada para folhelho até camadas mais espessas, até mesmo métricas, de arenitos tabulares frequentemente amalgamados. Estruturas de sobrecarga, marcas basais de arraste e impacto de detritos, turboglifos, aspecto dominantemente maciço, feições de escape de fluidos e deformação plástica penecontemporânea formam conjunto de evidências que corrobora a atividade de fluxos gravitacionais. Além disso, a associação repousa sobre o folhelho Lontras, cujas fácies, atributos geoquímicos e conteúdo fossilífero indicam deposição em ambiente marinho restrito, de baixa oxigenação e relativamente profundo. A sucessão acima dos turbiditos registra ainda a progradação de taludes deltaicos suscetíveis a escorregamentos, que culminam com sedimentação fluvial e costeira já pertencente à Formação Rio Bonito. As relações estratigráficas permitem concluir que os turbiditos compõem um complexo com no mínimo 220 km de extensão lateral, desenvolvido durante a progradação de deltas que preencheram a bacia após seu máximo afogamento causado pela deglaciação do Pensilvaniano. Se tiverem continuidade em subsuperfície, os arenitos turbidíticos são potenciais reservatórios para gás gerado no Devoniano da Bacia do Paraná. Podem ainda constituir bons análogos de afloramento para reservatórios turbidíticos inseridos em cunhas progradacionais de outras bacias.

A field guide to the sand-rich turbidite systems of the Taciba Formation, Itararé Group, Paraná basin, Brazil

“…In areas where turbidity currents are unconstrained by pre-existing topography, their deposits are quite extensive and crops out for more than 1000 km 2 , so there must be many outcrops that are not covered in this guide (see Vesely et al 2021 for additional outcrops). In fact, we recommend further investigations in Dona Emma, Presidente Getúlio, Vitor Meireles, José Boiteux, Ascurra and Barra do Prata municipalities where the same succession crops out (Fig.…”

“…The Salto do Capivari outcrop is also known as Cachoeira Paulista (Paulista waterfall; see Vesely et al 2021). From the last point, go back to the main road that runs parallel to the São João stream.…”

“…The eastern margin of the Paraná Basin, in southern Brazil, offers spectacular outcrops related to gravitational flows deposits (Gama et al 1992;Eyles et al 1993;Vesely and Assine 2002;D'Ávila et al 2008;Suss et al 2014;Aquino et al 2016;Carvalho and Vesely 2016;Fallgatter and Paim 2019;Rodrigues et al 2021;Vesely et al 2021;Fallgatter et al 2023). There, turbidites of the Itararé Group present a variety of features that can be associated with glacially induced sea-level fluctuations during the Late Paleozoic Ice Age (LPIA).…”

“…Salamuni et al (1966) recognized, for the first-time, sandstone beds related to the deposition from turbidity currents in the Brazilian sedimentary basins, through extensive mapping of the Permo-Carboniferous rocks of the Itararé Group in the south of the Paraná and north of the Santa Catarina states. Although the authors were referring to the thin-bedded turbidites that dominate the upper portion of the Taciba Formation, the paper is considered the seminal work on the research of turbidites in Brazil (see Vesely et al 2021). This field guide comprises the lower portion of the Rio do Sul Formation of Schneider et al (1974), or the Rio do Segredo Member of the Taciba Formation of França and Potter (1988).…”