ResumoEntre as patologias que acometem a articulação coxofemoral, a osteonecrose da cabeça femoral (ONCF) é provavelmente a mais intrigante e desafiadora. Consiste em uma doença multifatorial, com um espectro muito variável em sua apresentação clínica. Tem efeito devastador, devido a quadros dolorosos incapacitantes tanto para atividades habituais quanto esportivas. Dada a gama enorme de fatores de risco, tais como uso prolongado de corticoides (principalmente em casos de doenças reumatológicas), sequelas de trauma, anemia falciforme, HIV, etilismo, tabagismo, discrasias sanguíneas, e várias outras doenças que comprometem a irrigação sanguínea da cabeça femoral, a ONCF tem apresentação clínica e prognósticos bem variados, o que dificulta a determinação de um tratamento específico, especialmente em casos nos quais ainda não houve acometimento condral e a articulação do quadril ainda se mantém preservada, sendo estes os principais fatores encontrados na literatura que determinam as classificações desta patologia. No leque de tratamentos, encontramos diversas opções para os casos em que se tenta salvar a articulação: tratamento conservador, descompressão simples e/ou associada a algum tipo de tratamento adjuvante (enxertia homóloga, enxertia sintética, enxertos vascularizados, parafusos de tântalo, e injeção de aspirado de medula óssea), e, para casos nos quais já há fratura subcondral e/ou colapso da cabeça femoral e/ou diminuição do espaço articular, reserva-se, comumente, a realização de osteotomias femorais ou artroplastia total do quadril.