A fragmentação sócio-espacial aumentou globalmente, juntamente com as crescentes desigualdades, a diversidade de estilos de vida e padrões de consumo. Entende-se como o resultado de processos que levam a formas de ocupação fragmentadas, novas realidades na esfera social e na produção e apropriação do espaço, com enclaves sem continuidade com as estruturas sócio-espaciais circundantes. A fragmentação é frequentemente estudada na perspectiva da habitação com a emergência de condomínios fechados, mas a minha intenção é integrar o retalho de luxo com o imobiliário devido à forte componente externa tanto na cadeia de fornecimento (desenvolvimento e processo de investimento) como na nova procura (turistas e residentes não permanentes) que traz para um novo nível os conflitos e contradições em torno do direito à Cidade, tendo Lisboa como estudo de caso.O foco principal é a mudança no mercado imobiliário e a oferta de novos tipos de produtos, complexos de utilização mista e condomínios fechados, tendências de consumo de luxo, a formação de um enclave de luxo dentro da cidade central de Lisboa, e o apoio fornecido pela política pública. A análise identifica tendências edesafios que requerem uma investigação renovada e respostas políticas até agora inexistentes ou simplesmente experimentadas sem avaliação.