Assistência à mulher e violência sexualRev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, 31(1): 1Este artigo está publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições, desde que o trabalho seja corretamente citado.
RESUMOObjetivo: Analisar evidências sobre a produção científica a respeito da assistência à mulher em situação de violência sexual (VS), com foco na sua percepção, bem como na dos profissionais de saúde, e na relação com as políticas públicas de saúde no Brasil. Métodos: Estudo de revisão integrativa que identificou 21 artigos, a partir das bases SciElo, MEDLINE, Lilacs e RedAlyc, no período de 2005 a 2016, com idioma em português. O estudo analisou a eficácia das políticas públicas nos serviços brasileiros. Emergiram os núcleos temáticos: Serviço de atenção à mulher em situação de VS; Percepção das mulheres acerca da assistência à VS; e Atendimento dos profissionais de saúde acerca da assistência à VS. Resultados: O atendimento integral preconizado pelo Ministério da Saúde é desrespeitado em 87,5% dos estados do país, devido aos ambientes ambulatoriais inadequados e aos profissionais incapacitados para atender às mulheres segundo as normas. Predomina a assistência medicalizada, tradicional e fragmentada, que valoriza o modelo hegemônico biomédico e despreza ações de caráter preventivo e de promoção à saúde. As mulheres desconhecem os seus direitos, e sofrem reflexo de uma sociedade que ainda a culpabiliza pela agressão sofrida. Conclusão: Compreende-se que ainda existem obstáculos para efetivação das políticas na assistência às mulheres em situação de VS e os profissionais de saúde necessitam de capacitação e ambiente adequado para assisti-las. Existe uma lacuna na produção científica acerca da percepção da mulher sobre o atendimento de VS relacionando segurança pública e saúde no território nacional.
ABSTRACTObjective: To analyze the evidence on scientific production regarding the care for women subjected to sexual violence (SV) focused on their perception as well as that of health professionals and in relation to public health policies in Brazil. Methods: Integrative review study that identified 21 articles in SCIELO, Medline, Lilacs and Redalyc databases published in the period from 2005 to 2016 in Portuguese. The study analyzed the effectiveness of public policies in Brazilian services. The following themes emerged: Health care service for women subjected to SV; Women's perception of care after SV; Health professionals' performance in the care of SV victims. Results: The comprehensive care recommended by the Ministry of Health is disrespected in 87.5% of the states in the country due to inadequate outpatient settings and professionals who are not trained to serve women according to the norms. There is a predominance of a traditional and fragmented medical care that values the hegemonic biomedical model of care and neglects preventive and health promotion actions. Women are unaware of their rights and suffer because of ...