Perfil obstétrico de gestantes com vírus da imunodeficiência humana atendidas em um ambulatório de referência de um hospital de ensino

Abstract

Introdução: A soropositividade para doenças infecciosas na gestação pode resultar em transmissão vertical. Assim, o reconhecimento do perfil obstétrico das gestantes com vírus da imunodeficiência humana é pertinente para melhorar a assistência e reduzir os desfechos negativos no pós-parto. Objetivo: Descrever o perfil obstétrico de gestantes HIV+. Métodos: Estudo retrospectivo, transversal, a partir da análise de prontuários de gestantes com vírus da imunodeficiência humana atendidas em um ambulatório de referência de um hospital de ensino entre 2016 e 2018, tendo como critérios de seleção a notificação compulsória do vírus da imunodeficiência humana. A análise dos dados foi descritiva pelo software SPSS®. Resultados: Entre janeiro e abril de 2021 analisaram- -se 78 prontuários, com a maioria das notificações ocorrendo em 2016 (43,6%). As gestantes tinham entre 21 e 29 anos de idade (53,8%, x=27,4 anos, 149.571,42 anos, desvio padrão=6,14), eram pardas (46,2%), com ensino superior incompleto (28,2%), residentes na zona urbana (97,4%), principalmente de Uberaba (MG) (61,5%), destacando-se como ocupação do lar (28,2%). Eram multíparas (79,5%), tendo o vírus da imunodeficiência humana evidenciado laboratorialmente antes da gestação (65,4%). Aderiram ao pré-natal (84,6%), passando por, no mínimo, seis consultas (60,3%), mesmo iniciando-o no segundo trimestre gestacional (41,0%). Houve adesão aos antirretrovirais profiláticos (76,9%), iniciando antes da primeira consulta da atual gestação (48,7%) e/ou durante o parto (69,2%). Não realizaram genotipagem para o vírus da imunodeficiência humana antes do início dos antirretrovirais (23,1%), mas fizeram a carga viral na primeira consulta de pré-natal (66,7%), repetindo-o entre duas e quatro semanas após o início do antirretroviral (46,2%) e na 34ª de gestação (48,7%). O tipo de parto predominante foi a cesariana eletiva (44,9%) realizado no hospital de ensino (78,2%), com a maioria de nascidos vivos (79,5%). Conclusão: Identificou-se a necessidade de adequações quanto ao seguimento do protocolo de assistência às gestantes soropositivas. Contudo, a organização atual do serviço já contribui para a garantia do impedimento da transmissão vertical.