Este artigo discute as memórias e sentidos históricos da ideia de “perseguição ao samba” durante a Primeira República no Brasil. Baseado na análise de depoimentos orais de musicistas negros e na historiografia do pós-abolição carioca, argumento que essa ideia, ainda que pareça imprecisa aos olhos da historiografia acadêmica, cumpre a função política de marcar e não deixar que seja esquecido um contexto histórico de violências raciais vinculadas à música, mas não restritas a ela. Sua inclusão na historiografia do samba é, portanto, uma vitória relativa da visão de mundo das comunidades negras nas negociações que estas empreenderam com grupos de maior poder.