A curva de torque de uma avaliação isocinética fornece ao avaliador indicativos da performance muscular, podendo detectar déficits no sujeito apreciado. No entanto, relatórios automáticos produzidos pelos equipamentos podem gerar dados e interpretações equivocados. Este estudo objetivou determinar a curva de torque isocinética, identificando em qual ponto a velocidade passa a ser constante dentro dos parâmetros do teste. Procurou, ainda, verificar se o pico de torque máximo (PTM) encontrava-se na fase de estabilização do protocolo. Atletas de natação (n = 10) foram avaliados através do dinamômetro isocinético Kin-Com® AP-125. Solicitou-se a contração máxima concêntrica-excêntrica nos movimentos: rotação interna (RI) e externa (RE), flexão (FL) e extensão (EX), abdução (AB) e adução (AD) horizontal do ombro, em 120º/seg, na posição de decúbito dorsal. Os softwares Matlab 6.0 e Origin 6.0 foram utilizados no processamento das curvas. Nos movimentos de RI e RE, ação concêntrica e excêntrica, em movimentos mais estáveis e de menor braço de alavanca, a velocidade manteve-se constante no intervalo de 5 a 98% das curvas. Para a FL-EX e AB-AD, considerados mais instáveis e com maiores braços de alavanca, a velocidade foi constante no intervalo de 10 a 98% das curvas. Nos movimentos de RI e EX concêntrico e FL e AB-AD horizontal concêntrico e excêntrico, os PTM centraram-se no terço inicial das curvas, exigindo maiores cuidados no processamento. No movimento de FL excêntrica, 80% dos PTM estavam fora da velocidade preestabelecida, necessitando reprocessamento, o que não ocorreria no fornecimento de laudo automático. Sugeriu-se o descarte dos 5% iniciais e finais da curva de torque nos movimentos de rotação do ombro e 10% para FL-EX e AB-AD horizontal para interpretações mais fidedignas dos picos de torque e obtenção da real condição muscular do avaliado.