Práticas de cuidado e cultivo da atenção com crianças

Abstract

Este estudo analisa uma experiência realizada no Brasil, na qual crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e outros problemas relacionais, usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi), participam de uma oficina de leitura de literatura. A proposta da Oficina da Palavra é oferecer uma alternativa ao uso da medicação como modo central de tratamento, por meio de um dispositivo grupal e participativo de leitura e também de cuidado. A oficina foi realizada como uma pesquisa-intervenção baseada no método da cartografia. Através da proposição de um dispositivo grupal de cuidado, dá-se relevo à dimensão conjunta da atenção e a importância de construir ecossistemas atencionais nos quais a atenção a si e aos outros é cultivada. A partir de uma perspectiva ecológica que ultrapassa o viés individualista e naturalista da atenção, o cuidado dos problemas atencionais surge como um trabalho de cultivo de correspondência e atenção conjunta concentrada e aberta, envolvendo a construção de ecossistemas atencionais favoráveis.

Ser e estar criança em um grupo terapêutico a partir do movimento vital expressivo (MVE): um relato de experiência/Being a child in a therapeutic group as of the vital expressive movement (vem): an experience report

“…Tal oferta surgiu pelos encaminhamentos médicos quanto às hipóteses diagnósticas de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Caliman et al (2020) apontam o crescente número de diagnósticos de TDAH, da medicalização das crianças, como também de queixas atencionais pelas escolas e famílias.…”

“…Há uma polarização nos discursos frente a este cenário de profissionais e acadêmicos da saúde e educação quanto àqueles que "defendem sem críticas o diagnóstico biomédico de TDAH, e os que questionam a própria existência deles" (Caliman et al, 2020, p. 168). Para além dessa dicotomia, é importante a desnaturalização da centralidade biomédica e medicamentosa sobre o tema e a emergência do cultivo de novos ecossistemas de cuidado, que possam agir de forma menos individualizante, valorizando os processos relacionais e coletivos (Caliman et al, 2020).…”