Práticas e Ações do Formador de Professores que Ensinam Matemática na Orquestração de Discussões Coletivas

Abstract

Resumo Nesse artigo busca-se investigar as ações e práticas de uma formadora de professores quando orquestrava discussões coletivas em um processo formativo destinado a professores que ensinam Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, no que refere ao ensino da álgebra. A metodologia é qualitativa-interpretativa e os dados foram recolhidos a partir de vídeos dos momentos de discussões coletivas. A análise dos dados permitiu levantar as ações desenvolvidas pela formadora que foram categorizadas em cinco práticas, o que levou à elaboração de um quadro de referência, associando características específicas das ações do formador a práticas gerais de orquestração de discussões coletivas. O quadro de referência que emerge, ao evidenciar a complexidade do papel do formador traduzido no conjunto de práticas de distinta natureza, pode contribuir tanto para o design e condução de processos formativos, como para a construção de conhecimentos e habilidades necessárias ao formador de professores, objetivando a criação de oportunidades de aprendizagem profissional de professores.

Aprendizagem profissional de uma formadora de professores na orquestração de discussões coletivas para o ensino de álgebra na licenciatura em pedagogia

“…Nesse sentido, conjecturamos que, ao ser oportunizada a reorganização das crenças e, consequentemente, a mobilização e o desenvolvimento dos conhecimentos de Violeta por meio da experiência formativa, potencializamos e oportunizamos a transformação de suas práticas para fomentar discussões coletivas (Ping et al, 2018;Prediger et al, 2019;Wu et al, 2020). Ao mesmo tempo, à medida em que Violeta vai transformando as suas práticas para fomentar discussões coletivas no decorrer das aulas, ela também vai desenvolvendo e ampliando seus conhecimentos e reorganizando as suas crenças (Borko et al, 2014;Elliott et al, 2009;Ferreira et al, 2023).…”

“…Defendemos a possibilidade de que a relação entre crenças, conhecimentos e práticas ocorra de forma orgânica, pois o formador aprende e se desenvolve profissionalmente na atividade docente (Prediger et al, 2019;Wu et al, 2020) e as práticas utilizadas por ele podem ser transformadas de modo a fomentar discussões coletivas (Borko et al, 2014;Elliott et al, 2009;Ferreira et al, 2023). Para esclarecer, vale destacar o caso de Violeta como aquele em que a formadora obteve uma dupla oportunidade de aprendizagem profissional, seja por meio da experiência formativa planejada pelos facilitadores, seja pela implementação da sequência de três aulas, as quais, ao serem refletidas e refinadas, tornaram-se maneiras possíveis de oportunizar a aprendizagem profissional da formadora de professores (Prediger et al, 2019).…”

“…Segundo os autores, os formadores devem (i) estabelecer uma comunidade de aprendizagem; (ii) interpretar as interações com os professores e entre os professores; (iii) estabelecer conexões; (iv) desafiar os professores a avançar em seus conhecimentos; e (v) sistematizar aprendizagens. As práticas apresentadas por Ferreira et al (2023) se relacionam com aspectos das estruturas apresentadas por Elliott et al (2009), no sentido de estabelecer relações sociais e sócio Matemáticas para constituir uma comunidade de aprendizagem.…”

“…Considerando que a atividade letiva contribui com a aprendizagem profissional do formador e, ao mesmo tempo, a aprendizagem profissional contribui com a atividade letiva (Wu et al, 2020), aliadas às práticas apresentadas para conduzir discussões coletivas (Borko et al, 2014;Elliott et al, 2009;Ferreira et al, 2023), recorremos à Zaslavsky (2008), autora que apresenta um modelo no qual o formador, ao utilizar tarefas formativas, constrói seus conhecimentos e refina sua própria prática a partir do trabalho com elas. No modelo apresentado pela autora, o formador mobiliza seus conhecimentos ao planejar e variar as tarefas formativas e ao refletir sobre como os FP se envolvem com essas tarefas.…”

“…Tomando-se esse movimento cíclico, visualizamos dois conjuntos de categorias que se integram. Na Tabela 1 apresentamos (i) as etapas das aulas e as práticas utilizadas pelos formadores (Borko et al, 2014;Elliott et al, 2009;Ferreira et al, 2023) e, na Tabela 2, temos (ii) os conhecimentos e crenças que os formadores vão mobilizando para desenvolver essas práticas (Beswick, 2012;Carrillo et al, 2019;Ferreti et al, 2019). Tabela 2…”