Precisamos falar sobre uso de Metilfenidato por estudantes de medicina - revisão da literatura

Abstract

Resumo: Introdução: Estudos mostram que o metilfenidato (MPH) tem sido utilizado por estudantes de medicina para aumentar sua atividade mental e melhorar o desempenho exigido durante a graduação, gerando preocupações quanto aos riscos à sua saúde física e mental. Esse cenário indica a necessidade de medidas especificamente direcionadas nas escolas médicas. Objetivo: Revisar a literatura sobre o uso de MPH sem indicação médica entre estudantes de medicina. Método: Revisão minuciosa da literatura publicada em inglês, espanhol e português, entre 2013 e 2019, com base em dados disponibilizados pelo PUBMED e SCIELO, utilizando palavras-chave nos três idiomas acima, ao longo das quatro etapas do processo de seleção. Resultados e Discussão: Ao todo, foram encontrados 224 artigos, dos quais 25 foram selecionados após leitura, tratando do uso de MPH ou ‘potencializador da cognição’ por graduandos de medicina sem prescrição médica. A pesquisa indicou variabilidade significativa na frequência de consumo, relacionada ao padrão de uso investigado, uso com ou sem indicação, antes ou após a entrada na Universidade e país onde o estudo foi realizado. A justificativa mais frequente para o uso sem indicação médica foi a de obter melhora no desempenho acadêmico. Notou-se a carência de pesquisas com uma avaliação adequada dos riscos cognitivos, comportamentais e psíquicos envolvidos, entre eles o risco de adição e a abordagem do tópico nas escolas médicas. Conclusão: As altas taxas de uso do MPH por estudantes de medicina visando o aprimoramento cognitivo reforça a importância de ações preventivas nas escolas médicas. As estratégias devem considerar informações sobre os riscos do uso (do MPH) sem indicação médica; intervenções não farmacológicas para melhoria do desempenho cognitivo; medidas de higiene do sono; organização para atividades de estudo adequadas; amplas discussões sobre aspectos éticos e estrutura curricular.

Complicações Associadas Ao Uso Não-Prescritivo De Metilfenidato Entre Estudantes De Medicina

“…Parte dos estudos publicados enfatizaram a prevalência dos efeitos colaterais previstos quanto ao uso do metilfenidato: taquicardia, redução do apetite, distúrbios do sono, náusea, ansiedade, cefaléia e aumento da ansiedade foram os mais evidentes. Por outro lado, destaca-se a menção de desfechos mais graves, como arritmias cardíacas, glaucoma, alucinações visuais, discinesias, tremores, desencadeamento de síndromes maníacas e síndrome de Tourette (Finger, Silva, Falavigna, 2013;Nasário, Matos, 2022;Amaral et. al, 2022).…”

Perfil do uso de substâncias psicoativas por estudantes de Medicina de uma instituição da região norte do Brasil

“…A avaliação médica especializada antes da introdução de medicamentos controlados, como o metilfenidato, torna-se fundamental, pois existem critérios diagnósticos para seu uso, além de diversas contraindicações que podem ser deletérias aos usuários (SILVA AL, et al, 2022). Em revisão de literatura sobre o uso indiscriminado do metilfenidato por estudantes de Medicina, foi identificado que a principal motivação para o consumo, é potencializar a cognição (AMARAL NA, et al, 2022). O uso dessa medicação para melhorar a performance individual, sem indicação e sem supervisão médica, pode trazer dependência química e desencadear outros transtornos psicológicos.…”

“…Isto se deve ao metilfenidato ter propriedades farmacológicas muito semelhantes às das anfetaminas (NASÁRIO BR e MATOS MPP, 2022). Com isso, é de elevada importância a avaliação e acompanhamento médicos para evitar danos (AMARAL NA, et al, 2022).…”

O uso inadequado de Ritalina® para melhoramento acadêmico universitário

“…Além disso, outros fatores como privação de sono e de lazer contribuem para o estresse e baixo desempenho acadêmico (Amaral et al, 2022). A partir disso, de acordo com Santana et al (2020), observa-se uma maior necessidade de se manter mais tempo acordado para tentar suprir a demanda de estudos, o que propicia o uso de estimulantes do sistema nervoso central.…”