Prematuridade e constituição subjetiva

Abstract

Todo bebê que nasce necessita do investimento de alguém que suponha nele um sujeito e o situe simbolicamente. Nos contextos de prematuridade, algumas dificuldades podem se fazer presentes, sendo relevante haver intervenções que proporcionem a facilitação desse processo de elaboração das intensas mudanças demandadas pela própria vivência de maternidade e pela internação de longa permanência em unidade de tratamento intensivo neonatal. Este estudo é um relato de experiência que apresenta e discute alguns casos atendidos pelos autores no ambulatório da maternidade de um hospital público situado em Brasília, no qual foi possível um espaço de escuta do discurso social inscrito pelas mães na história de recém-nascidos.

Narrativas de mulheres mães: vivências e ressignificações diante da prematuridade extrema

“…Além disso, é importante lembrar que são bebês que nasceram antes das 28 semanas de gestação, sendo este um período em que o parto estava muito longe de ser esperado. Devido a esses pontos é que, segundo algumas autoras (Ferrari & Donelli, 2010;Lelis et al, 2018;Mata et al, 2017;Santos & Teixeira, 2017), um parto prematuro se configura como um momento de grande vulnerabilidade e de difícil adaptação, pois esse período se torna extremamente estressante para a mulher mãe, uma vez que impõe uma separação e diversas dificuldades que precisam ser enfrentadas antecipadamente.…”

“…Geralmente os bebês pré-termos extremos precisam ficar por muito tempo internados, para atingir a maturidade necessária para manter suas funções vitais de forma independente (Marchetti & Moreira, 2015). Desse modo, o medo da morte ou da apresentação de alguma sequela pode aumentar dependendo da durabilidade da internação do recém-nascido (Mata et al, 2017). Esta categoria aborda sobre a rotina de mulheres mães e sobre o medo da morte, o qual é um sentimento que permeia todo o momento, desde a notícia do nascimento precoce, até os dias de internamento na UTIN.…”

“…O nascimento pré-termo pode inserir nesse momento maiores dificuldades para a mulher e/ou família, porque o que se estabelece é bem distinto do esperado (Ferrari & Donelli, 2010;Lelis et al, 2018;Mata et al, 2017;Santos & Teixeira, 2017). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) (2012), nascimentos caracterizados a termo (no tempo esperado) são os que ocorrem entre a 37ª e 42ª semanas de gestação, e os nascimentos prematuros ou pré-termos se configuram em: 1-prematuros moderados (entre 32 a <37 semanas de gestação); 2-muito prematuros (28 a <32 semanas) e 3-prematuros extremos (antes das 28 semanas completas de gestação).…”

“…Há um grande impacto devido ao final brusco da gestação, que geralmente necessita ser às pressas, consequentemente, não há tempo para assimilar e ajustar as representações do bebê real que se apresenta. Também, a dúvida do que acontecerá com a saúde da mãe e do bebê se faz presente, visto que muitas vezes a vida dos dois pode estar em risco (Marchetti & Moreira, 2015;Mata et al, 2017;Santos & Teixeira, 2017).…”