Prevalência de cisticercose em carcaças de bovinos abatidos em um frigorífico da região noroeste do Estado do Paraná, Brasil

Abstract

A cisticercose bovina é uma das principais doenças parasitárias responsáveis pela condenação de carcaças em frigoríficos de todo Brasil. Considerada uma zoonose, provocada pela forma larval da Taenia saginata (Cysticercus bovis) nos tecidos bovinos, tem o homem como único hospedeiro definitivo que adquire a infecção ao ingerir carne crua ou mal passada contendo cisticercos, já os bovinos hospedeiros intermediários se infectam pela ingestão de ovos viáveis em pastagens ou água. O diagnóstico dessa patologia é realizado durante o abate dos animais exclusivamente pelo serviço de inspeção sanitária, carcaças que apresentam infestações exorbitantes são imediatamente condenadas, presença moderada de cisticercose levam a condenação parcial segundo as recomendações do RIISPOA em vigor e atualizado em 2017, porém depreciam as carcaças consideravelmente, diminuindo o prestígio e o valor do produto, acarretando perdas significativas a toda cadeia produtiva. Diante disso, este estudo teve como objetivo realizar um levantamento epidemiológico da ocorrência de cisticercose bovina em um frigorífico situado na região noroeste do Estado do Paraná no período de junho de 2021 a julho de 2022, através de dados oficiais fornecidos pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Paraná (ADAPAR). O levantamento dos dados foi realizado através dos informes epidemiológicos mensais disponibilizados pela ADAPAR, no período avaliado, sendo a observação e notificação da sua ocorrência obtido através da inspeção post-mortem realizada por médicos veterinários habilitados, com registros em mapas nosográficos de abate diário, informando o número de animais abatidos, carcaças e órgãos acometidos com lesões e número de enfermidades encontradas. Os dados em números obtidos foram analisados a partir de uma análise simples utilizando o software Excel, comparando-se o número de animais abatidos com o total de carcaças que apresentaram lesões e suas respectivas porcentagens. Foram abatidos um total de 11.263 bovinos dos 61 municípios que integram a região noroeste do Paraná, no total 50 carcaças apresentaram cisticercose, correspondendo uma prevalência de 0,44% de infecção, em dados por ano somente no segundo semestre de 2021, foram abatidos 6.144 bovinos, onde 2 apresentavam cisticercose (0,03%) já no primeiro semestre de 2022, foram abatidos um total de 5.119 bovinos, onde 48 carcaças apresentaram cisticercose (0,94%). Comparando-se com relatos anteriores na mesma região, o índice de prevalência apresentou declínio significativo, sendo reflexo das ações de inspeção, controle de qualidade e manejo adequado de produção adotado pelos produtores da região, porém, se destaca que mesmo o valor encontrado seja consideravelmente baixo, ainda evidência prejuízo econômico a bovinocultura nessa região e se ressalta que as medidas sanitárias adotadas devem ser revisadas e seguidas rigorosamente por toda cadeia produtiva.

Prevalência de cisticercose bovina em frigoríficos do sul do Espírito Santo

“…Segundo a leitura de Garro et al (2015), a prevalência média no Brasil é de 5%, mas esses valores podem variar conforme a região geográfica ou período. Todavia, outros autores como supõem que a prevalência no Brasil está entre 0,7 e 5,3% (Andrade et al, 2023;Ferreira et al, 2014;Oliveira et al, 2013;Souza et al, 2007;Ungar & Germano, 1992). Quando comparado os valores de prevalência média para o país com os resultados encontrados ao decorrer da pesquisa, percebe-se que a incidência no Sul do Espírito Santo é claramente menor, vários são os fatores que podem contribuir para a instalação dessa variação; já que o controle da teníase/cisticercose depende das condições econômicas, sociais e culturais de cada localidade.…”

“…Após a ingestão, percebeu o parasito na musculatura do animal. Algum tempo depois, Oliver em 1869, comprovou que o ser humano poderia desenvolver a teníase após a ingestão de carne crua com a presença de cisticercos (Andrade et al, 2023;Marques et al, 2008;Pereira et al, 2006).…”

“…Pela revisão de literatura, a prevalência mínima encontrada para cisticercose bovina é de 0,063%, que foi obtida no Estado do Mato Grosso do Sul (Lima et al, 2011). A patologia apresentou um salto em sua prevalência no Estado do Paraná, da década de 50 com 2,5% de prevalência média, para em 1999 apresentar cerca de 4,4% a 7,7% (Andrade et al, 2023;Oliveira et al, 2013;Souza et al, 2007). Ainda, nesses estudos, foi demostrado uma prevalência de 3,82% de cisticercose bovina no Estado do Paraná, na década de 2000.…”

“…A cisticercose bovina causa prejuízos e quedas nos resultados, abrangendo todas as etapas de produção. A incidência da cisticercose em bovídeos, pode gerar prejuízos de U$ 420.000.000,00 anuais na América do Sul (Andrade et al, 2023;Oliveira et al, 2013;Pereira et al, 2006).…”