Pro Matre: arquivo e fontes para a história da maternidade no Rio de Janeiro

Abstract

A quase centenária Maternidade Pro Matre, inaugurada em fevereiro de 1919, com a finalidade de prestar assistência a mães e crianças dos grupos sociais menos favorecidos, foi iniciativa do médico filantropo Fernando Magalhães e da feminista Stella de Carvalho Guerra Duval com apoio de senhoras da sociedade carioca. Sua criação inseriu-se em movimento de assistência materno-infantil que a historiografia hoje chama de projeto maternalista, com base na ideia de que mãe e filho são culturalmente indissociáveis. Ao apresentar as fontes existentes no arquivo institucional da Pro Matre, partilhamos possibilidades de pesquisa no campo da assistência materno-infantil no Rio de Janeiro e, por extensão, no Brasil.

Fontes para a história da ginecologia e obstetrícia no Brasil

“…A defesa de um espaço hospitalar reservado às gestantes e aos recém-nascidos consistia em uma defesa dos médicos e de alguns segmentos urbanos, na virada do século XIX para o XX, preocupados com a alta taxa de mortalidade infantil, que não correspondia ao ideal de construção da nacionalidade em voga (Barreto, 2011). O trecho do texto de Magalhães apresentado acima vai ao encontro da abordagem de Fabiola Rohden (2009) na afirmação da construção de uma ciência da mulher baseada na diferença entre os sexos e na maternidade como função social estabelecida para a mulher (Freire, 2009) no contexto higienista e nacionalista do início do século XX.…”

Birthing life and death: women’s reproductive health in early twentieth-century Rio de Janeiro

“…Scholars have provided new insights into the ideologies surrounding maternalinfant healthcare, particularly the idea of "scientific motherhood," which posited that women required guidance from the medical profession to properly raise their children (Freire, 2008(Freire, , 2009Maes, 2011;Martins, 2005Martins, , 2008Mott, 2001;Otovo, 2016;Rohden, 2009;Wadsworth, 1999). In a similar vein, historians have demonstrated how obstetricians and philanthropists made concerted efforts to expand maternal-infant health services by constructing public maternity hospitals and including women's health in Rio de Janeiro's growing public health infrastructure during the First Republic (Barreto, 2011(Barreto, , 2015Barreto, Oliveira, 2016;Freire, Leony, 2011;Martins, 2004;Mott, 2002;Sanglard, Ferreira, 2010). Under Vargas (1930Vargas ( -1945 these efforts expanded, centralized, and federalized, as the patchwork of maternal-infant public health initiatives in various states and municipalities became an integral platform of the federal government, with Rio de Janeiro setting the standard for policy and its implementation (Fonseca, 1993(Fonseca, , 2007Marko, 2006;Mott, 2001).…”

A educação permanente em saúde para a institucionalização de uma rede-rizoma

“…No fim do século XIX e início do XX, os elevados índices de mortalidade infantil tornam-se preocupantes frente à constituição de nação, segundo descreve Barreto (2011):…”