Prolapso Da Glândula Da Terceira Pálpebra Em Felino

Abstract

Introdução : O prolapso da glândula da terceira pálpebra é uma condição que acomete principalmente cães e é incomum em gatos. O diagnóstico resulta da anamnese e identificação de uma massa hiperêmica no canto medial do bulbo ocular durante o exame oftalmológico, podendo ser acompanhado de secreção e conjuntivite. O tratamento de escolha é o reposicionamento cirúrgico da glândula da terceira pálpebra. Diversas técnicas cirúrgicas têm sido descritas, que podem ser divididas em técnicas de ancoragem e de bolsa. Este estudo relata um caso de prolapso da glândula da terceira pálpebra em um gato com resolução cirúrgica pela técnica de bolsa de Morgan. Caso:Um felino fêmea de raça indefinida, 7 anos de idade, pesando 6,5 kg, compareceu a uma clínica particular na cidade de Jundiaí, São Paulo. O proprietário informou coçar o olho direito após uma briga de contato com outro felino. Após o exame oftalmológico, a única alteração encontrada foi na terceira pálpebra, que apresentava intensa quemose e hiperemia. Foi prescrito tratamento com colírio contendo sulfato de neomicina, sulfato de polimixina B, dexametasona e hialuronato de sódio 0,15%. No seguimento de 15 dias verificou-se regressão total da quemose e prolapso da glândula da terceira pálpebra no olho direito. Com base nesse cenário, optou-se pelo reposicionamento da glândula da terceira pálpebra. A técnica de bolsa de Morgan foi escolhida com fio não absorvível 6-0. No pós-operatório, colírio de tobramicina a cada 6 horas, foi prescrito gel oftálmico dexpantenol quatro a seis vezes ao dia durante 10 dias e colar elizabetano 24 horas por dia. Para analgesia, dipirona 25 mg/kg e meloxicam 0,05 mg/kg com ação anti-inflamatória foram utilizados por via oral uma vez ao dia por 3 dias. No dia 11dia de pós-operatório, o paciente foi reavaliado, não sendo identificadas alterações oftalmológicas; a glândula da terceira pálpebra permaneceu em sua posição anatômica correta. Discussão :Prolapse of the third eyelid gland is a rare condition in cats. In the presented case, the macroscopic finding of this affection was a reddish mass located in the nasal corner of the ocular bulb, similar to the occurrence in dogs. In terms of age groups, the manifestation of this ophthalmopathy differs between the species and is present in puppies to young dogs, whereas adult to middle-aged cats. The occurrence of the disease is likely related to a genetic predisposition in dogs; in contrast, in cats, it may be related to ocular disturbances, such as conjunctivitis and trauma. In the literature, the cases of prolapse of this gland are mostly related to the Burmese breed; however, there are also descriptions for undefined breed and Persian cats. The etiology of gland prolapse in domestic cats remains unknown; changes in smooth muscle fibers that maintain the gland in its anatomical position, different from the hypothesis of laxity in the retinaculum of dogs is speculated. Using the Schirmer’s test in cats to evaluate the influence of the removal of the lacrimal third eyelid gland, a study found a 15–26% decrease in the production of the aqueous portion of the tear film, providing additional support to the importance of gland repositioning. The Morgan pocket technique was selected for the present case based on the positive results when employed in dogs and cats. The invaginating suture and the positioning of the final knot performed in this technique avoid contact of the wire with the corneal surface and postoperative complications, such as ulcerative keratitis. The present report and the reviewed literature point out that the prolapse of the third eyelid gland in cats may occur secondarily to an ocular disorder, such as trauma, and that the Morgan pocket technique is efficient for repositioning this gland in cats.