PT, eleições e editoriais da grande imprensa (1989-2014)

Abstract

O artigo examina, a partir do conceito de paralelismo político, a relação da “grande imprensa” do Brasil, formada pelos três grandes diários de circulação nacional, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo, com o petismo entre 1989 e 2014. A referência empírica são os editoriais publicados pelos jornais durante as sete últimas eleições presidenciais que têm como objeto o PT e seus candidatos. Os textos foram avaliados através da metodologia da análise de valência e agrupados em pacotes interpretativos. Os resultados mostram a predominância de editoriais negativos e o uso dos enquadramentos “populista” e/ou “corrupto” na narrativa sobre o PT e o petismo, tanto no período pré-governamental quanto no governamental do PT no plano federal.

What makes an issue relevant to newspaper editorials?

“…Second, FSP and OESP have national reach and address political and economic elites (Azevedo, 2016;Lattman-Weltman & Chagas, 2016). Another characteristic of FSP and OESP is their role as agenda-setters for other Brazilian newsrooms -a phenomenon the literature has called intermedia agenda-setting (Azevedo, 2018).…”

“…Since "Political parallelism" is directly connected to both newspapers' relationships with political actors, this change might be related to the parties or representatives in office at a given moment. For example, in 2007, Brazil had a leftist government, and literature has shown that the Workers' Party (PT) has regularly received negative coverage in the press (Azevedo, 2018;Nava & Marques, 2019). At that time, the country had just found out about a political scandal involving the government -the so-called "Mensalão," a votes-for-cash scandal that sent several political leaderships to prison and that has been weaponized by the adversaries of the Workers' Party since then.…”

A atuação do jornalismo editorial no escândalo JBS: uma análise comparativa sobre os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo

“…Ressalte-se, contudo, que os estudos na área de comunicação política têm reconhecido linhagens diversas de compreensão e aplicação da ideia de enquadramento (MCCOMBS, 2005; MENDONÇA; SIMÕES, 2012; POZOBON; SCHAEFER, 2014; WEAVER, 2015). De fato, enquanto diferentes trabalhos brasileiros se dedicam a utilizar a noção de enquadramento para investigar a cobertura noticiosa (BIROLI; MANTOVANI, 2014; CAMPOS, 2014; RIZZOTTO; ANTONELLI; FERRACIOLI, 2016), outros utilizam a mesma estrutura analítica para se pensar os editoriais (AZEVEDO, 2018;MONT' ALVERNE, 2017). Quanto a este último caso, Essary (2007) argumenta que os editoriais são peças privilegiadas para analisar enquadramentos porque necessariamente dependem de enquadrar um assunto para convencer os leitores sobre a opinião que apresentam.…”

Ciências Sociais Hoje: Ciência Política

“…Os estudos sobre jornalismo político mapeados no Brasil têm como pressuposto a relevância desse mecanismo para a formação do ambiente informacional dos cidadãos, seja em período eleitoral ou não, em que ele participa da formação da agenda pública e do enquadramento de temas. A possibilidade de interferir na formação da opinião e do comportamento do eleitorado também serviu como base de sustentação para as análises que dão conta de observar a parcialidade ou o viés da imprensa, agenda inicial e contínua do jornalismo político (Azevedo, 2018;Figueiredo, 2007;Biroli;Miguel, 2012;Feres Júnior;Sassara, 2016;Mundim, 2018).…”

“…Como exemplo dos trabalhos com essa ênfase, tem-se a cobertura sobre impeachment, o escândalo do mensalão e outros casos de corrupção que permearam o cenário político brasileiro nos últimos anos e foram evidenciados pela imprensa (Chaia;Teixeira, 2001;Rizzotto;Guazina;Prior;Araújo, 2019;Marques;. Enquanto boa parte dos trabalhos se debruça sobre a dimensão informativa do jornalismo, novas pesquisas têm chamado a atenção para o papel dos editoriais para entender a agência política da mídia nesses momentos, mostrando, inclusive, os interesses das organizações por determinadas posições e decisões tomadas pela esfera política como, por exemplo, a reforma política (Azevedo;Chaia, 2010;Azevedo, 2018;Marques;.…”