Reflexões sobre duas crises econômicas no Império Português (1688 e 1770)

Abstract

O artigo compara duas crises no Império português e discute os meios pelos quais ocorreram as subsequentes recuperações. Deste modo, procura-se revelar certas particularidades das economias do açúcar e do ouro e os seus modos de articulação com o resto do Império.

O crédito no Brasil no período colonial: Uma revisão historiográfica

“…All the whimper about this issue expressed itself in the production of exportation goods -mainly sugar, but also tobacco -in contexts based on economic activities easily measured through significant price decrease. On the other hand, reports on monetary offer elevation often happen at abundance times, as described by Pyrard de Laval, who was in Bahia in 1611 when sugar price reached the highest value ever -the same scenario was only observed again in the 17 th century, in 1636, 1637 and 1669 (Schwartz, 1985, p.400-401;Menz, 2013). 12 Fernando Cerqueira Lima highlighted that in moments of sugarcane production crisis, for instance, sugarcane was used as money to replace money shortage, it would be "a political maneuver used by colonial authorities to mediate conflicts between senhores de engenho and metropolitan traders at fleet arrivals" (Lima, 2012).…”

The Brazilian Economy During the Old Regime Crisis (1750-1807)

“…More recent research, such as the work of Menz (2013), although still close to traditional interpretations, emphasises the positive performance of the Amazon region and, to a lesser degree, Pernambuco. Mont Serrath (2013a, 2013b) also questions the applicability of the crisis concept to the period, since he observed a growth trend and positive balances at the Royal Treasury (Erário Régio) in Lisbon.…”

Aspectos do desenvolvimento econômico nordestino na Primeira República

“…Voltada para o âmbito interno da economia nordestina, interpretações indicam que a crise teve como fatores determinantes um período de seca iniciado na década de 1670 e uma pandemia de "mal da bicha" 25 que ceifou milhares de vidas, impactando diretamente na produtividade do complexo açucareiro e, consequentemente, no complexo pecuário. Ainda no cenário doméstico da economia nordestina, há interpretações economicistas que atrelam o declínio a fatores fiscais, como a diminuição da arrecadação, de dízimos e taxas praticadas na época, e o aumento de gastos com elementos externos à produção de açúcar, e a fatores microeconômicos, como a elasticidade do preço frente às flutuações de demanda e da oferta do produto tropical (MENZ, 2013). 26 As hipóteses não atuam anulando umas às outras, pelo contrário, predomina a complementaridade, na qual residem os múltiplos efeitos de uma crise econômica, nesse caso, a combinação do surgimento de um forte concorrente com vantagens competitivas atrelado ao enfrentamento contemporâneo de um período de seca e uma severa pandemia, somados à baixa capacidade de reinvestimento derivada da crise fiscal e das características da oferta e da demanda do açúcar naquele momento, são elementos que inserem a noção da gravidade desse período crítico para o Nordeste brasileiro.…”

“…O "mal da bicha", também conhecido, na época, como "peste da bicha", referia-se à febre amarela, doença combatida até a atualidade, de acordo com os relatos da época dizimou populações inteiras de cidade e prevaleceu entre escravos e trabalhadores, além de alimentar mitos sobre sua origem estar ligada a um castigo aos pecados e à prostituição, e sobre a busca de curas no campo religioso(SOUZA, 2010).26 O balanço historiográfico fornecido porMenz (2013) concatena algumas das linhas de pensamento apresentadas ao tratar da crise enfrentada pelo império português no final do século XVII, no intuito de complementar as teses que enfatizam apenas o surgimento das Antilhas como força concorrencial no mercado mundial de açúcar, por conta da larga aceitação alcançada por esses trabalhos, o artigo os classifica como "canônicos". Os autores e seus respectivos trabalhos que auxiliam na construção dessas visões alternativas são Carrara(2009),Schwartz (1988) eBlackburn (2003).…”