No Sul do Brasil, parte dos remanescentes florestais é utilizada, historicamente, como sistemas silvipastoris denominados caívas, em Santa Catarina, e faxinais no estado do Paraná. Nestes, o estrato herbáceo da floresta é composto por pastagem naturalizada onde ocorre o pastejo animal. Visando contribuir para o melhor entendimento do impacto das caívas sobre a conservação da Floresta Ombrófila Mista (FOM), foram avaliadas diferentes intensidades de uso da pastagem, da prática da roçada e do pastejo bovino sobre a regeneração natural. O experimento foi realizado em oito caívas em 2015 e 2016, sendo a regeneração monitorada a cada seis meses. Ao longo desse período foram identificadas 49 espécies arbóreas características da FOM. Independentemente dos fatores avaliados, a regeneração das espécies arbóreas é um processo dinâmico, presente e contínuo nas caívas avaliadas. A intensidade de uso da pastagem não afetou os indicadores de diversidade, a riqueza de espécies e a densidade da regeneração. Houve baixa similaridade entre caívas com o mesmo tipo de manejo do pasto. A roçada foi a atividade de maior impacto sobre a regeneração, com acentuada redução na densidade de regenerantes, embora não tenha afetado a riqueza de espécies. Dada a abundância de espécies na regeneração das caívas, inclusive muitas típicas de estágio avançado, é possível confirmar que estes sistemas apresentam alta resiliência com respeito à conservação da biodiversidade florestal, mesmo com o pastejo do gado há longo tempo. Esses resultados indicam, também, ser possível implementar com sucesso diferentes estratégias de intensificação da pastagem em caívas, desde que estejam associadas à práticas de preservação de áreas mais frágeis e diversas, a fim de compor um sistema com maior sustentabilidade em todas as suas dimensões.