Regimes Agroalimentares E O Lugar Da Agricultura Familiar – Uma Apresentação Ao Debate

Abstract

O objetivo deste artigo é apresentar uma breve introdução sobre a análise dos regimes agroalimentares e discutir alguns aspectos nas suas relações com agricultura familiar. O artigo procura situar a discussão sobre a globalização e entender como a agricultura e a produção de alimentos se inseriu neste processo. São apresentados e descritos os três regimes agroalimentares sugeridos na literatura internacional e discute-se as condições e possibilidades da agricultura familiar neste contexto. Por ser um artigo introdutório ao debate dos regimes alimentares, as conclusões indicam para a necessidade de se aprofundar as análises sobre o lugar da agricultura familiar especialmente no que se refere à sua inserção nos regimes agroalimentares globais.

A gênese supermercadista: das resistências às inovações do autosserviço (agro)alimentar

“…O nascimento da agricultura moderna 3 , com sua lógica de funcionamento, desdobramentos e impactos sociais, vem sendo analisado e compreendido através da concepção de sistema (agro)alimentar. Entre tantos estudos relevantes sobre a temática (Friedmann;McMichael, 1989;Bonanno, 1994;Van Der Ploeg, 2008;Cavalcanti, 2012;Schubert;Escher, 2016;McMichael, 2016;Niederle;Wesz Junior, 2018;), decidimos alicerçar o presente trabalho nas valiosas contribuições do professor Louis Malassis 4 . Contudo, promoveremos aproximações e distanciamentos das concepções e questões colocadas pelo autor, à luz do objeto e das questões levantadas nesta pesquisa.…”

Agroecological territorial dynamics: considerations about brazilian settlements

“…In Brazil, data from the 2017 Agricultural Census show the important participation of family agriculture in food production, accounting for 80% of the amount of cassava production, 48% of coffee and banana production, 42% of beans and 69% of pineapple (IBGE, 2020). Studies carried out by Gazolla (2004), Grisa, Gazolla and Schneider (2010), Schneider, Schubert and Escher (2016) and Maas, Malvestiti and Gontijo (2020) point out that family farmers mainly commercialize products from vegetable gardens, and fruits and products processed by the family agro-industry, often destined for local and regional markets.…”

“…They also contribute to promoting food and nutritional security for both consumers and producers by providing a variety of fresh foods (Cassol and Schneider, 2015) from the local food culture, and products intended for fairs can also be used alternatively for family self-consumption. Schneider, Schubert and Escher (2016) highlighted that in 2016, 77% of food produced worldwide was still consumed in national markets and especially local markets.…”

Ativismo alimentar: experiências locais de produção e consumo de alimentos em São Paulo

“…Tentativas de superar essa distância foram desenvolvidas historicamente, sobretudo a partir de reivindicação por terra e crédito (SCHNEIDER et al, 2016). Mais recentemente, no entanto, o acesso a mercado tem sido visto como uma oportunidade de inclusão da agricultura familiar, que se tornou objeto de iniciativas privadas e políticas públicas, que a apoiam de diferentes formas.…”

“…Para uma parte específica desse público, há uma possibilidade de inserção por meio da mudança de percepção sobre o alimento, que além de seu papel nutricional, teria também uma importância simbólica e afetiva, ligada a formas de produção artesanais e à sua regionalidade (SCHNEIDER et al, 2016), o que abriria espaço para produtos diferenciados oriundos da agricultura familiar, tais como laticínios, doces e embutidos.…”