Relação entre práticas parentais e marcos do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida

Abstract

INTRODUÇÃO: Os pais são responsáveis por organizar uma variedade de experiências dentro de casa e na comunidade, que favorecem o desenvolvimento infantil. Embora seja importante e amplamente estudado nos diferentes domínios do desenvolvimento, existem poucos estudos sobre a relação entre práticas parentais e o desenvolvimento motor. OBJETIVO: Verificar quais práticas parentais estão mais relacionadas com o desenvolvimento motor no primeiro ano de vida. MÉTODOS: Estudo transversal, exploratório, metodologia Apoio Multicritério à Decisão e Correlação de Spearman. Foram aplicados questionários estruturados sobre práticas parentais e marcos do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida em 35 pais ou cuidadores de crianças com idade entre 12 a 24 meses. RESULTADOS: Verificou-se que de quatro a seis meses as práticas de não deixar no berço, colocar de pé com apoio, colocar no chão, dar brinquedos variados, apresentaram correlação moderada e inversa com quatro apoios (r= -0,440 p= 0,010), engatinhar (r= -0,418 p= 0,013) e passos (r= -0,397 p= 0,018). Entre seis a doze meses as práticas de não deixar no berço, colocar de pé com apoio, estimular passos, apresentaram correlação moderada e inversa com sentar-se (r= -0,368 p=0,030), sentar-se bem (r= -0,388 p= 0,021), em pé (r=-0,407 p= 0,015) e passos (r= -0,373 p= 0,027). CONCLUSÃO: Foi possível verificar que há relação entre as práticas parentais e o surgimento dos marcos do desenvolvimento motor no primeiro ano de vida, a partir de 4 meses de idade. Aquelas práticas relacionadas com a oferta de material para aprendizagem e liberdade de movimento foram as mais favoráveis.

Influência de determinantes socioeconômicos no desenvolvimento motor de lactentes acompanhados por programa de follow-up em Manaus, Amazonas

“…A educação materna está associada com uma maior capacidade de gerar promoção ao adequado desenvolvimento infantil, tornando o ambiente doméstico propício à estimulação e cuidados assistenciais necessários à infância [28][29][30][31] . Segundo Sania et al 32 , existe uma relação dose-resposta entre desenvolvimento infantil e educação materna, em que a alta educação materna (incluindo ensino superior) está relacionada com fatores protetivos ao bem-estar infantil, com a adoção frequente de práticas de higiene, ambiente enriquecedor à exploração infantil e cuidados antenatais e pós-natais com a imunização.…”

“…É interessante ponderar ainda que, em uma sociedade marcada pelo patriarcado, a figura materna normalmente assume o pilar de afeto e cuidados assistenciais dos filhos, sendo a mãe a principal responsável por ofertar cuidado, oportunização à aprendizagem e, em muitos casos, até mesmo o assistencialismo financeiro, o que interfere diretamente no desenvolvimento infantil. Além das questões biológicas da gestação, a relação mãe-bebê se torna base para a construção do vínculo afetivo e fornece suporte para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, as quais, por meio das experiências de amor, cuidado, atenção e proteção, estimulam o crescimento e o desenvolvimento saudável do bebê 28, 29 .…”

Caracterização e perfil do desenvolvimento de crianças em puericultura de uma Estratégia de Saúde da Família

“…As práticas parentais de cuidado com a criança, quando adequadas às necessidades do desenvolvimento infantil, têm impacto tanto no desempenho motor como também nas habilidades de comunicação e no comportamento social da criança, desde a infância até a fase adulta. Estudo recente relatou haver relação das práticas parentais e o surgimento dos marcos motores no primeiro ano de vida, a partir de quatro meses de idade, e as práticas relacionadas com maior oferta de material para aprendizagem e liberdade de movimento foram as mais favoráveis ao desenvolvimento (RIBEIRO et al, 2018).…”