Relações entre aspectos ortográficos e fonético-fonológicos de fonemas oclusivos

Abstract

OBJETIVOS: descrever o desempenho ortográfico de crianças - quanto ao registro de consoantes oclusivas do Português Brasileiro; verificar se a acento influencia a ocorrência de erros no interior das palavras; e classificar o padrão da distribuição dos erros. MÉTODOS: foram analisadas 210 produções textuais referentes a 14 propostas temáticas, coletadas durante o ano de 2001, quando os sujeitos cursavam a 1ª série do Ensino Fundamental. Para descrever o desempenho das crianças, para o primeiro objetivo, os dados foram divididos em Acertos e Erros; para segundo objetivo, os erros foram classificados em sílabas acentuadas e não-acentuadas, e, por fim, para o terceiro objetivo, os erros foram subclassificados em omissões, erros ortográficos e erros fonológicos. Os erros fonológicos foram subdivididos, ainda, conforme ocorressem dentro e fora da classe. RESULTADOS: para o primeiro objetivo, encontraram-se 5.746 possibilidades de ocorrência de consoantes oclusivas na posição de ataque silábico simples, com maior quantidade de acertos; para o segundo objetivo, observou-se maior ocorrência de erros em sílabas não-acentuadas; e por fim, para o terceiro objetivo, foi possível observar predomínio de erros fonológicos, seguidos pelas omissões e pelos erros ortográficos, tanto no interior das sílabas não-acentuadas quanto das acentuadas. Ainda conforme o terceiro objetivo, nos erros fonológicos, observou-se sua maior ocorrência dentro da classe; e novamente, não-influência do acento. CONCLUSÃO: conclui-se, então, a importância da análise dos aspectos fonéticos-fonológicos na aquisição da ortografia infantil, bem como a relevância da distribuição dos acertos tanto como dos erros.

Aspectos fonológicos de consoantes líquidas e acurácia ortográfica no Ciclo de Alfabetização

“…A primeira tendência chama atenção justamente por mostrar que, embora produzida nos três anos iniciais do Ensino Fundamental, trata-se de uma ortografia com percentuais de acertos largamente superiores aos de erros, mesmo no 1º ano, independentemente da posição silábica investigada. Observe-se que o grande percentual de acertos no desempenho ortográfico de consoantes já vem sendo destacado em trabalhos como os de Paschoal et al (2014), Pezarini et al (2015) e Vaz et al (2015) para consoantes oclusivas, fricativas e soantes, respectivamente. É de extrema importância destacarmos essa convergência de resultados, já que trabalhos encontrados na literatura, como os de Zuanetti, Corrêa-Schnek e Manfredi (2008), Capellini et al (2011), Capellini et al (2012, Rosa, Gomes e Pedroso (2012) e Chiaramonte e Capellini (2019), enfatizam as ocorrências de erros sem considerar o peso que eles, de fato, apresentam na ortografia infantil quando vistos em sua relação com os acertos.…”

“…No interior desse quadro, as investigações têm se voltado, principalmente, para o conhecimento de relações entre: (i) registro ortográfico e características da sílaba (AMARAL et al, 2011;MIRANDA, 2019;ZIMBA;CHIMBUTANE;MIRANDA, 2020); (ii) registro ortográfico e acento lexical ou gráfico (CARDOSO et al, 2010;PASCHOAL et al, 2014;PEZARINI et al, 2015;VAZ et al, 2015;NEY;MIRANDA, 2019); (iii) ortografia e características acústico-auditivas da fala (BERTI; CHACON; SANTOS, 2010; SCHIER; BERTI; CHACON;VAZ, 2013;SCHIER, 2017); (iv) ortografia e características fonético-fonológicas específicas de segmentos 4 Sobretudo na escrita infantil e, mesmo, na escrita adulta, há oscilações na ortografia de palavras que poderiam, de um ponto de vista fonológico, mas não ortográfico, ser interpretadas como contendo uma soante líquida palatal. É o que ocorre em palavras com as sequências <li> ou <le>, como "família" e "óleo"; com efeito, encontram-se registros ortográficos dessas palavras como *familha ou *olhu.…”

“…Portanto, desse ponto de vista, ou seja, tendo como ponto de partida a ortografia convencional das palavras, o fonema /ʎ/ teria relação transparente com o grafema <lh>. , 2013, , PASCHOAL et al, 2014PEZARINI et al, 2015;VAZ et al, 2015;CHACON et al, 2016;VAZ;CHACON, 2020). Desse conjunto de investigações, destacaremos aquela conduzida por Vaz et al (2015), pela estreita relação que ela mantém com a proposta do presente artigo.…”

Ortografia dos fonemas /l/ e /ɾ/ em posições complexas na escrita infantil: uma análise comparativa

“…In the second trend, a tripartition is identified between studies that address the relationship between right and wrong: (i) without typifying the error (17) ; (ii) typifying the error (18,19,20) ; and (iii) pointing out the existing gradient in the typification, although without this gradient being analyzed (21,15,22) .…”

“…As for the results related to this second objective, that is, to detect the possible gradient between errors, we used the categorization proposed by GPEL. The work developed by researchers in this group (19)(20)(21)(22) propose a categorization of misspellings in three types, which clearly indicate their gradient. They are: omissions, transpositions and substitutions.…”