Tendo como base o trabalho de campo realizado junto a crentes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Maputo, capital de Moçambique, este artigo reflete sobre alguns deslocamentos impostos ao pesquisador no decorrer do fazer etnográfico. Partindo de três diferentes estágios da pesquisa, isto é, o trabalho de campo, a definição do objeto e o tempo da escrita, demonstro como a experiência de aprendizado com jovens fiéis – comumente taxados por nossos pares antropólogos como “outro repugnante” (Harding, 1990; Coleman, 2018) – revela situações inesperadas para o próprio pesquisador, sobretudo quando inserido num fluxo transnacional, e quais os efeitos epistemológicos disso. Demonstro, ao final, o rendimento analítico trazido pela opção de apreender a “religião” em ação, não como substantivo, mas como verbo, e a importância do distanciamento do campo para que se possa perceber os diferentes sentidos de todos esses movimentos.