Representações sociais de profissionais do sexo homossexuais, travestis e mulheres transexuais sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Abstract

Objetivo: analisar as representações sociais dos profissionais do sexo sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Métodos: estudo qualitativo, descritivo-exploratório, de representações sociais com abordagem processual. Participaram do estudo quinze profissionais do sexo, sendo estes homens que fazem sexo com homens, homossexuais, travestis e mulheres transexuais. Os dados foram coletados através de um roteiro de entrevista do tipo estruturado e um questionário sociodemográfico, de março de 2015 a março de 2016. Utilizou-se como técnica a análise de conteúdo avaliativa ou representacional. Resultados: as representações sociais dos participantes do estudo sobre a doença apresentam elementos conceituais sobre o vírus e a doença; vulnerabilidade; tratamento; prevenção e transmissão. Conclusão: os participantes evidenciam em suas representações o déficit das estratégias de promoção da saúde sobre o tema, voltadas às suas necessidades e especificidades.

Papel da enfermagem no cuidado a mulheres profissionais do sexo

“…Falar sobre a população dos profissionais do sexo é falar sobre uma população majoritariamente composta por mulheres, que por isso somente já estão em situação de desvantagem na sociedade. Entende-se que devido ao perfil sociodemográfico dessa população, que é o de mulheres negras cisgenero e/ou transgêneros, que apresentam baixo nível de escolaridade, bem como integrantes de classe sociais menos abastadas e financeiramente instáveis, sendo assim, pessoas negligenciadas socialmente e consequentemente expostas a violências das mais diversas formas (Couto, et al, 2019;Góis, et al, 2020). Essas mulheres encontram-se inseridas em uma realidade ainda mais complexa ao transformarem seus corpos e a atividade sexual em uma forma de ganhar dinheiro e alcançar qualidade de vida (Couto, et al, 2020).…”

“…Essas mulheres encontram-se também expostas a condições de saúde relacionadas ao âmbito mental, como ansiedade e depressão, vícios a substâncias ilícitas e lícitas, como o tabagismo (Devóglio, et al, 2017). O adoecimento físico também apresenta um risco maior quanto a infecções sexualmente transmissíveis, como HIV/AIDS, devido à exposição a múltiplas parcerias sexuais (Góis, et al, 2020;Brito, et al, 2019;Sousa, 2013). Também é importante pontuar que as profissionais do sexo apresentaram uma vunerabilidade ainda maior durante a pandemia do Covid-19.…”

“…Disposição para letramento em saúde melhorado NANDA 00262 Padrão de uso e desenvolvimento de um conjunto de habilidades e competências (letramento, conhecimento, motivação, e linguagem) para encontrar, entender, avaliar e usar conceitos e informações em saúde para a tomada de decisões diária, a promoção e manutenção da saúde, a redução dos riscos à saúde e a melhora da qualidade de vida geral, que pode ser melhorado. O diagnóstico de "disposição para letramento em saúde melhorado'' foi constatado pelo fato de que muitas das profissionais do sexo já apresentam um conhecimento prévio sobre o que venha a ser o vírus HIV e a AIDS, (Góis, et al, 2020;Couto, et al, 2020;Couto, et al, 2020) mas também constatou-se que falta conhecimento sobre as outras formas de transmissão além da sexual, as consequências do contágio e os tratamentos que estão disponíveis no SUS (Góis, et al, 2020) a maioria delas sabe da necessidade de utilizar a camisinha como proteção contra o vírus e utilizam-na durante as relações sexuais com seus clientes. Todavia, a depender do contexto em que elas estão inseridas, quanto mais tempo de trabalho possuem, menos utilizam o preservativo e além disso, há também a imposição de alguns clientes para a realização de sexo sem proteção, o que acaba aumentando o risco de contaminação pelo HIV, assim como violência física e psicológica (Couto, et al, 2019).…”

“…Em seguida relataram que não eram realizadas em seus empregos e se pudessem e tivessem uma boa opção de mudar de caminho, assim fariam. Ou seja, apesar de não gostarem ou se sentirem felizes com o trabalho que realizam, permanecem por não terem opções, aliás reafirmando o parágrafo acima, um ponto que interfere nesse quesito de "poder escolher" é a escolaridade, a qual entre essas mulheres é baixa, com grande parcela que nem chegou a concluir o ensino médio (Góis, et al, 2020).…”

Sexo e Sexualidade: O que adolescentes do Ensino Fundamental têm a dizer?

“…Apesar de não existir um modelo geral que permita compreender todas as dimensões da sexualidade [29], vários estudos têm procurado utilizar as representações sociais [18,[30][31][32], como forma de explicar o hiato existente entre intenção e comportamento sexual dos indivíduos [33]. As representações sociais se apresentam, assim, como uma abordagem importante nos estudos da identidade sexual de adolescentes, de forma que seja possível acessar conjuntos organizados e estruturados de crenças, opiniões, informações e atitudes que estes têm em relação à sua própria sexualidade [29,34].…”