Saúde e saneamento no Brasil: uma revisão narrativa sobre a associação das condições de saneamento básico com as doenças de veiculação hídrica

Abstract

O saneamento básico necessita de uma atenção especial, haja vista a sua relação direta com a saúde humana, preocupação que remonta às mais antigas civilizações. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo apresentar a relação entre as condições de saneamento básico no Brasil com as doenças de veiculação hídrica. Trata-se de um estudo de revisão narrativa de literatura, com abordagem qualitativa e o método hipotético-dedutivo. Existe uma relação direta entre as doenças de veiculação hídrica e as condições de saneamento básico, principalmente em muitas cidades do interior do país, destacando as regiões Norte e Nordeste do Brasil. De acordo com o IBGE, em 2018, entre as cidades do Brasil, a doença de veiculação hídrica de maior notificação foi a dengue (26,9% do total), seguida por diarreia (23,1%) e verminoses (17,2%). Portanto, cabe ao Estado não só a criação de políticas públicas, mas planejamento e investimento no sentido de fazer valer a legislação que regulamenta a prestação de serviços de acesso à água e saneamentos adequados a toda a população.

Perfil da morbimortalidade da febre tifoide e paratifoide e sua relação com os serviços de saneamento básico no Brasil, entre 2010 e 2021

“…Segundo SNIS (2021), o esgotamento refere-se a infraestruturas e serviços de coleta e tratamento dos esgotos domésticos com finalidade de remoção dos poluentes nocivos à saúde e eliminação de focos de contaminação sendo, tão logo, lançados em rio e/ou lago. Contudo, Vitor et al ( 2021) retratam que mais de 100 milhões de pessoas não detém dos serviços e rejeitam seus esgotos in natura no ambiente, para Santiago et al (2020), essa fragilidade é ainda mais acentuada em localidades periféricas e interiores, logo, promovendo maiores contaminações e ocorrência à febre tifoide e paratifoide promovidas pela transmissão fecal-oral que, levando em consideração a probabilidade de conter 108 bactérias em uma grama de fezes de infectados, dentre elas a Salmonella entérica, o despejo de esgoto inadequado pode originar processos de agravos à saúde local, tendo esse cenário revelado no Brasil (Brito et al, 2020;OMS, 2021;Vitor et al, 2021).…”

“…Contudo, para Brito et al (2021) e Vitor et al (2021), essa disparidade entre regiões e UF está conexa, em parte, a organização político administrativa dos investimentos do país. Segundo Lima (2020), a política pública do saneamento básico encontra-se em desvalorização a partir de 2015, o qual teve valor orçamentário previsto de R$3,1 bilhões, caindo para 835,5 milhões em 2019, seguido de uma diminuição em 21% no ano de 2020.…”

Fontes públicas no município de Poços de Caldas– MG: práticas de consumo e suas implicações à saúde do usuário

“…A água consumida no local da fonte e sem prévio tratamento (50,1% dos entrevistados possuem esse hábito), o que é preocupante, já que pode afetar negativamente a saúde dos usuários, sobretudo pela possibilidade de contaminação com esgotos domésticos (FRANCIS et al, 2015;HAMAD;YAACOB;OMRAN, 2021). Em Poços de Caldas, verifica-se que 70% dos efluentes domésticos é descartada in natura, o que demonstra ampla possibilidade de contaminação das fontes (VITOR et al, 2021;IBGE, 2022).…”

“…Seus sintomas podem incluir emagrecimento, dores de cabeça, náuseas e vômitos, diarreia, febre. Na fase crônica, a doença pode afetar o fígado e o baço (VITOR et al, 2021).…”

“…Em 2020, surgiram no Brasil os primeiros casos de infecção pelo vírus SARS-CoV2, cuja transmissão também pode ocorrer por água contaminada por esgotos não tratados contendo fezes e secreções de indivíduos doentes. Embora a taxa de transmissão da COVID-19 através dos sistemas de esgoto seja baixa, a baixa taxa de tratamento de esgoto por desinfecção no país agrava o risco de contaminação (VITOR et al, 2021).…”