Terapia com base em integração sensorial em um caso de Transtorno do Espectro Autista com seletividade alimentar

Abstract

Resumo Objetivo Analisar a relação entre seletividade alimentar e a disfunção do processamento sensorial em criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e acompanhar sua evolução com abordagem terapêutica de intervenção sensorial. Método Trata-se de uma pesquisa qualitativa a partir de um estudo de caso, com amostra de conveniência de um menino de cinco anos com diagnóstico de TEA e seletividade alimentar, acompanhado durante um ano e cinco meses. Foi utilizado neste estudo de caso o Protocolo Perfil Sensorial – Questionário para os Pais – 3 a 10 anos e o roteiro sobre a alimentação. Resultados Foi identificada alteração significativa no Perfil Sensorial, principalmente nos sistemas que estão relacionados com a alimentação, confirmando as dificuldades sensoriais de crianças com TEA e sua interface com seletividade alimentar. O tratamento de terapia ocupacional com abordagem de integração sensorial obteve resultados favoráveis na aceitação dos alimentos e diminuição da seletividade. Conclusão Alterações no perfil sensorial estiveram relacionadas com a dificuldade alimentar, evidenciando que a seletividade no caso estudado tinha origem sensorial superada com terapia de integração sensorial.

Consumo Alimentar Em Crianças Com Transtorno Do Espectro Autista

“…O comportamento alimentar é adquirido nos primeiros anos de vida, e estes sofrem influências tanto genéticas quanto ambientais 7 . Desse modo, as dificuldades alimentares presentes na rotina de crianças autistas, são diretamente relacionadas a hábitos alimentares inadequados 8 .…”

Influence of eating habits of children with Autistic Spectrum Disorder (ASD)

“…A Ingestão inadequada de cálcio, ferro, vitamina B5, ácido fólico, vitamina C, magnésio, zinco e ácidos graxos essenciais, podem estar associados a distúrbios neurológicos, e uma dieta rica em carboidratos concentrados e ingestão de sódio são observados nesta população acima dos valores de referência Souza 2022).…”

Crianças com transtorno do espectro autista (TEA): desafios com seletividade e restrições alimentares

“…O déficit na integração sensorial pode acarretar prejuízos na capacidade da criança realizar suas atividades diárias, principalmente no ato de se alimentar, que é uma forma de explorar suas habilidades sensoriais, como cheirar, sentir sabor, temperatura e textura dos alimentos (Oliveira, 2022).…”

“…É na infância que se inicia a construção de hábitos, incluindo os alimentares e relações interpessoais, propiciando interações que contribuem para o desenvolvimento social da criança, sendo o ato de comer um veículo importante para socialização. A comensalidade (comer junto) é um rito de agregação onde a alimentação em conjunto abrange diversos ambientes como, na escola, no lar, trabalho e restaurantes, fortalecendo laços e relações afetivas entre os grupos (Oliveira et al;.…”

“…depende de uma nutrição adequada, portanto, se não for tratada essas questões relacionadas à recusa alimentar precocemente, interferirá no crescimento dessa criança, colocando em risco a sua saúde.A seletividade alimentar é um dos fatores que a maioria dos autistas apresentam, essa dificuldade na alimentação está diretamente ligada a estímulos sensoriais, que levam a comportamentos restritivos, seletivos que afetam seus hábitos alimentares resultando em recusa e desinteresse pela alimentação. Diversos fatores contribuem para a seletividade alimentar, como, atrasos das habilidades motoras orais, resultando em um maior esforço no ato da mastigação, padrões de comportamentos restritivos ou estereotipados, que levam a recusa alimentar ou até mesmo pode estar relacionado a problemas gastrintestinais que alguns indivíduos com TEA apresentam, resultando em desconfortos devido a intolerâncias ou alergias alimentares(Monteiro, 2018).Diante a essa recusa alimentar que as crianças com TEA manifestam, se torna muito difícil a inclusão de novos alimentos, podendo causar distúrbios alimentares e exclusão de uma variedade de alimentos que seriam de extrema importância para seu desenvolvimento, gerando carências nutricionais devido a não ingestão de macronutrientes e micronutrientes que estão diretamente ligados ao bom funcionamento do organismo(Soares et al;2022) Magagnin et al,2021. evidenciou em seu estudo os relatos dos pais onde uma parcela cita a preferência por alimentos crocantes, por alimentos mais adocicados, fator relevante devido a característica sensorial das crianças que não são muito adeptas de alimentos em forma mais líquida ou pastosa como podemos ver nas entrevistas realizadas, onde foi comentado os desafios…”