Introdução: o desenvolvimento socioeconômico e o acesso aos cuidados de saúde modificaram a incidência das doenças e impulsionaram o aumento da longevidade e da expectativa de vida. Neste contexto, contraditoriamente, observamos a expansão gradativa da mortalidade por doenças crônicas. Estima-se que até o ano 2030 serão diagnosticados aproximadamente 27 milhões de novos casos de câncer, enfermidade foco do presente estudo. Desse modo, os cuidados paliativos, abordagem importante para doenças que ameaçam a vida, satisfazem as necessidades dos pacientes com câncer, pois têm como finalidade o manejo da dor e de outros sintomas, a promoção da qualidade de vida, a oferta de suporte social e espiritual e a assistência à família, inclusive no processo de luto. Nesta perspectiva, a investigação dos itinerários de pacientes em cuidados paliativos pode oferecer um novo olhar para esta problemática. Itinerário diagnóstico é o caminho percorrido pelo paciente na rede de saúde formal ou informal, desde a percepção dos primeiros sinais e sintomas até o diagnóstico de uma doença. Itinerário terapêutico é o percurso empreendido durante o processo de preservação ou recuperação da saúde. Objetivo: Conhecer a experiência de pacientes com câncer em cuidados paliativos, tendo por base seus itinerários diagnóstico e terapêutico. Método: estudo descritivo, exploratório, com análise qualitativa dos dados, apoiado no quadro teórico dos itinerários diagnóstico e terapêutico. Participaram pacientes eleitos para cuidados paliativos de um hospital geral do interior do estado de São Paulo. Para a produção do material empírico utilizamos a entrevista semiestruturada como recurso de coleta de dados, sendo estes analisados a partir da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática indutiva. Resultados: o estudo contou com quinze participantes, dos quais cinco participaram da entrevista na qualidade de respondentes e dez tiveram suas histórias relatadas por seus representantes. Oito pacientes eram do sexo feminino e sete do masculino, com idades entre 33 e 83 anos. Os diagnósticos de câncer mais frequentes foram as neoplasias de pulmão, mama, vulva, língua e cérebro. Os dados foram organizados ao redor de três temas: início da história, incurabilidade e itinerários. Os participantes do estudo mencionaram a dor como o primeiro sintoma percebido e buscaram assistência nas unidades de atenção primária à saúde. A notificação de incurabilidade e eleição aos cuidados paliativos foram realizadas, para maior parte deles, em período inferior a 12 meses a partir da data do diagnóstico de câncer. No que concerne à percepção sobre seus itinerários, relataram que o adoecimento foi rápido e que o tratamento com ênfase curativa foi interrompido no momento do diagnóstico de cuidados paliativos e que o período entre o diagnóstico de câncer e o de incurabilidade foi, geralmente, estreito. Considerações finais: os resultados permitiram conhecer os itinerários dos pacientes com câncer eleitos para cuidados paliativos e, com base em suas experiências, identifica...