A pandemia de COVID-19, com o elevado quadro de mortalidade, trouxe consigo uma nova realidade quanto aos processos de luto e morte, pois a implantação de medidas de segurança pública fez com que os tradicionais rituais de mortes sofressem alterações importantes. Este trabalho de pesquisa teve como objetivo realizar uma revisão de literatura sobre os possíveis impactos psicossociais e culturais nas famílias dos pacientes, das pessoas enlutadas e profissionais da saúde. Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados PubMed (NCBI), Science Direct, Scopus e Google Scholar, com estudos nos idiomas inglês, espanhol, francês e português. O luto é um processo fisiológico que envolve e abrange vários aspectos da dimensão humana e a morte associada a ele traz a necessidade da realização de eventos simbólicos para criar uma representação pessoal. Os eventos e rituais fúnebres são momentos importantes na superação do luto para familiares, uma vez que constatam a passagem do ente querido e marcam o final de um ciclo. No contexto da pandemia, três fatores principais podem ser considerados responsáveis por efeitos negativos. Primeiramente, a falta de execução dos tradicionais rituais de morte gera nas famílias sentimentos de estresse, ansiedade e possíveis complicações no luto, pois podem afetar aspectos psicológicos, culturais e sociológicos. Em segundo lugar, os prejuízos do isolamento social na saúde mental dos indivíduos, torna mais provável a ocorrência do chamado luto prolongado ou complicado. Por fim, o medo e a ansiedade decorrentes da imprevisibilidade da doença, pode ocasionar o luto antecipado. Para amenizar essa problemática, sugere-se que os profissionais da saúde disponibilizem informações precisas para a família a respeito do estado de saúde do doente. Além disso, o estabelecimento da “visita virtual”, da terapia cognitivo comportamental e a criação de memoriais virtuais são outras opções viáveis que podem ajudar a reduzir a sensação de perda e suas consequências. No que diz respeito aos profissionais de saúde, que estão tendo que lidar com o crescente número de mortes e também com dilemas morais, devido à escassez de equipamentos, é dever do empregador disponibilizar apoio psicossocial para esses trabalhadores.